Ainda que pensasse fazer mais do que o necessário em matéria de amar, tornara-se insuficiente qualquer esforço neste sentido, vez que gestos por si só atrapalhariam sobremodo, a redundarem inútil a força do carinho que ambos nutriam um pelo outro, mesmo que as aparências demonstrassem diferente, a se medir pelas conseqüências das recentes providências.
Falassem ou agissem, a vibração
que circulasse geraria dividendos melhores do que os da véspera, complementos
de atitudes abstratas na relação entre os dois. Com isso, as coisas ganharam
corpo, ocasionando profundas mudanças dentro de pouco espaço do tempo que
restava, ao sabor das ondas e dos valores em jogo.
Nas poucas vezes em que se esperou
resposta favorável ao procedimento dele para com ela, ações se encaminharam de
modo autêntico, frutos imprevisíveis, deliciosos e doces motivos de esperança,
porquanto o impacto daquilo de viver drama severo quase destruiria o alimento
nutritivo usado anos a fio, durante período de décadas.
Ninguém, de consciência desperta
avaliaria o desenrolar dos acontecimentos posteriores como aquilo de que
dispunham em matéria de boa vontade, pode-se dizer. O mais correto, otimista de
verdade, indicaria trabalho doloroso de um parto inglório, nas cogitações do
pregão das bolsas vespertinas.
No entanto, razões de êxito
dominaram o processo dos dois corações esfacelados. Um querendo fugir sem
demora, portas abertas e peito em furor. Outro, em pânico, devido os espasmos
na lama de lágrimas secas, persistia inundando de chuva a face clara da lua e o
brilho das estrelas, noites a dentro, revelações de segredos universais. Horas
extremas, calmas, todavia, definiram o ponto principal. Por mais imaginativo
que seja o texto, infinitos para cada lado, e o princípio do equilíbrio dominou
o centro da balança dos sentimentos acelerados.
Sonhar alegre talvez resolvesse a
equação, porém ela confessou nunca sonhar, que não sabia, não fosse sonhar
acordada, no fervor do sol a pino.
Pouco ou nenhum desejo de contar
a quem por certo pretende conhecer os passos da cena emocionada representa
detalhe insignificante. A cidade em peso marchou pelas ruas e ruas, procissão
melancólica, perguntando o motivo do silêncio, após circular no céu espécie de
objeto voador não-identificado há muito esquecido nas cômodas cheias. O pomo
das especulações que restara intocado no íntimo dos cérebros cabisbaixos ficou
por resolver, contudo.
De se amarem além da perspectiva
da raça dos homens, o casal ultrapassou as barreiras do ilimitado, abrindo
brechas imensas na existência perante a única praça do lugar ermo. Houvesse
grupos de danças típicas e eles gingariam aos borbotões evoluções magistrais,
originárias da fonte misteriosa das vertentes eternas.
Pois bem, quanto à probabilidade
deles dois saírem unidos, apesar das marcas cotidianas e medíocres, isto
cresceu no horizonte, por força de conspiraram no sentido contrário ao meio
social.
Raras histórias falam dos finais
felizes para sempre. Por isso, em complemento ao que se aguarda, nos vazios
laterais dos becos, isso daquele amor correspondeu à ânsia da felicidade. Em
estado bruto de satisfação se completaram frases inteiras antes abertas,
abençoando de paz os dias seguintes das vidas, em festa permanente e sem fim.
(Ilustração: Renoir).
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