De antes, bem antes, havia visagens noturnas, caiporas,
mulas sem cabeça, sereias, gnomos, fadas, duendes, tais assim. E suas histórias
preenchiam as palestras nas varandas dos rincões afastados, a encher de medo
aqueles que voltavam sozinhos aos seus lugares. Lendas e lendas, que encheram a
literatura pelo mundo inteiro. As mitologias das civilizações que sustentaram
demorados estudos, inclusive, que avaliaram os temas, os considerando frutos do
medo, da imaginação, da fantasia, das paranoias e demências. Eram às vezes
contos místicos, heranças sagradas doutras dimensões a fora. Preservaram com o
devido respeito e fizeram com que chegassem até hoje, alimentando as
literaturas, crenças e os sonhos...
Porém que passaram incólumes, viventes apenas do imaginário
popular, das artes, dos circos. No entanto outros malassombros seguiram adiante
e dominariam a mentalidade dos povos em formas de resultados perversos,
trágicos, e que receberam amparo tais mitos válidos, motivos de práticas e
costumes. Quais sejam a considerar? Os vícios de modo generalizado ser-se-iam
exemplos disso. A receptividade do comércio às vendas de substâncias danosas à
saúde e que recebem status sociais e respeitáveis, numa inversão que persiste
desde os tempos mais antigos e que destroem gerações e gerações a pretexto de
lazer e distração.
Noutro aspecto, a indústria da morte através das armas, monstro
devorador das gentes, que significa, nada além, do exercício do poder maligno
dos países que os utilizam na sofisticação da indústria e das tecnologias, a
serviço da eliminação das gentes e sua dominação e conquista, longe que seja de
conter a sanha feroz que reveste, num despudor de catástrofes sucessivas e
motivos de admiração dos continentes. São milhares, milhões de mortos e desaparecidos
à guisa desses instrumentos letais e seus resultados assombrosos.
Enquanto isso, a mídia tão só divulga até esgotar o
interesse dos que acompanham os noticiários, na semelhança daqueles antigos que
se reuniam em volta dos picadeiros e das fogueiras, a contar das histórias dos
fantasmas e das feras que vagavam pelas noites. Agora eles são reais, os campos
de batalha oriundos da selvageria da própria raça dos humanos, algozes e vítimas
de si próprios no sentido das consequências que nem de imaginar estejam em
condição.
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