Nalguns momentos, me vêm lembranças de vivências lá detrás que insistem revirar os pensamentos, qual que quisessem prevalecer a todo custo sobre as rotinas atuais. São situações, ocorrências fortuitas, às vezes agradáveis; noutras, de incerteza e dissabores. Assim também acontece envolvendo filmes que assisti e que marcariam de certo modo as minhas memórias. Eis aqui alguns desses exemplos:
Paris, Texas, de Wim Wenders, que assisti em
Brasília. Era de tarde. Tinha que pegar o voo de volta a Fortaleza dentro de
algumas horas. Um amigo me levaria ao Aeroporto, indo me buscar na casa de
outro amigo onde estivera hospedado. Teimosamente, sem calcular direito o tempo
que levaria até organizar os horários de viajar, resolvi ver o filme em um dos cinemas
do Conjunto Nacional.
História forte, drama de relacionamento de casal, bem
dirigido; permaneci a vê-lo, sempre de olho na hora. Antes uns quinze minutos,
no entanto, tive que deixar a sala de projeção e cuidar da viagem. Graças a
Deus, o amigo (Márcio Catunda) estava a postos, já impaciente de minha demora.
Às pressas, fomos ao aeroporto de Brasília, um tanto distante de onde nos achávamos.
Já haviam fechado o embarque. Pressionamos no guichê e obtivemos êxito na argumentação
e fui incluído entre os passageiros. O restante do filme vim só conheceria
talvez uns dez anos depois.
A bela a tarde, de Luis Buñuel, assisti no Cine Moderno, em Crato. À
época trabalhava no Banco em Brejo Santo. Quase toda semana, depois do
expediente da sexta-feira, vinha a Crato, de onde regressava aos domingos, a
trabalhar na segunda. Fui ver o filme na sessão das 16h sabendo que ia viajar logo
no início da noite. A vontade de ver mais um filme de Buñuel foi maior do que a
comodidade, porém uns quinze minutos antes de inteirar a exibição saí a fim de
não perder o transporte. Uns quinze anos depois é que pude conhecer o final da
película, através de um DVD que loquei. Também um drama de relacionamento de
casal, história forte e traumática na conclusão. Chego a imaginar que houvesse uma
razão de ser economizado daquelas histórias, mas que, ainda desse jeito, quis
conhecer o fechamento.
(Ilustração: Paris, Texas, de Wim Wenders).
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