Certa vez, ouvi de Laércio Vasconcelos algo a propósito de visita que fizera ao presídio de Iguatu, anos 60, acompanhando o cantor português Francisco José, ídolo no Brasil da música lusitana, à época senhor de apreciável sucesso. O artista visitava as cadeias apresentando sua música aos detentos, numa disposição de confortar àqueles que se viam privados da liberdade.
Na cidade interiorana do Ceará onde Laércio estava presente
ao seu lado, Francisco José ver-se-ia atingido em cheio, bem na hora em que
cantava belas canções, vítima de um ovo jogado de dentro das grades por preso
que repudiava o gesto altruísta do cantor.
Impactado com a grosseira que sofrera, o que lhe constrangeu seria
não achar uma explicação clara da ação descortês, diante do que demonstrou
profunda decepção, e perguntava assustado: - Por que ele fez isso, se tudo que
quero é oferecer o melhor de mim, já que não podem sair e assistir, lá fora, o
show que farei?! Por quê, então, fez isso?!
...
Quantas vezes tais espantos acontecem no decorrer das
experiências individuais... Por mais boa vontade que exista, surgem
descontentes de várias ordens, dotados de razões inexplicáveis, frutos de
desrespeito, desconsideração e revolta. Mudando o que deva ser mudado,
imaginemos o peso do que sofreu Jesus em face de tudo o que promoveu de bondade
neste mundo através de curas, ensinos, milagres, em demonstrações de carinho e
orientação a tantos carentes. Palavras de inigualável beleza nunca haverá no
caminho da verdadeira transformação que ofereceu.na vida inteira devotada ao amor do próximo, exemplo de grandeza plena
e absoluta, enquanto os humanos pouco viram da missão a que Ele se dedicou. Decerto
sabia tudo por que passaria, restando para sempre nossa ignorância diante da ingratidão
dos que necessitam por demais de esperança e paz, sobretudo nos dias de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário