São elas as sombras das vidas a preencher o tempo. Através dessas longas estradas da vida conduzimos o ser que somos e vivemos com exclusividade. Bem acima das nossas vontades, elas permanecem ativas. Insistem continuar de uma cena a outra e haveremos, lá num fase da existência, de decodifica-las pouco a pouco. Pedaços de tudo no quanto já passamos pela longa estrada transcorrida, ali distinguimos a sequência natural dos espinhos, das flores; das músicas, dos filmes; das noites, madrugadas, momentos vários deixados em nossos rastros quais marcas indeléveis da própria alma. Gosto de imaginar que viver dói; mesmo assim as lições persistem nas tais que havíamos de experimentar o conhecimento aberto de tudo, porquanto viver não tem cartilha.
Isso que nasce das dores do coração e vem à tona à medida do
ser são as lembranças vivas de que somos elaborados no transcurso das gerações.
Algo de maravilhoso, afirmações perenes do que precisamos aprender de ser
felizes. As minas do Destino às nossas mãos, as lembranças, nós, o ser em si.
Dotados desse mecanismo inigualável, daí sermos indivíduos largados
neste chão em movimento. Horas a fio e o transcorrer desse roteiro fantástico
de quanto a todo instante, que projeta os pensamentos, os sentimentos; as
lutas, vitórias e dramas espalhados na história, nossa e dos demais. Um crivo
de comportamentos, imagens mil das tantas alegrias dos que cruzam nossa
jornada, que dizem das possibilidades que temos e sonhamos. As lágrimas, as
saudades, as esperanças...
Vivemos disso, do farnel que transportamos pelos dias e
pelas horas. Moléculas de felicidade, só desse jeito obtemos o direito de tocar
adiante as próximas atrações de nós mesmos. Somamos, acreditamos, na certeza de
que chegaremos a bom termo, ao escutar atentamente o solo das lembranças e que,
nisso, revelaremos o solo da consciência no real motivo de termos vindos aqui.
(Ilustração: Reprodução).
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