terça-feira, 18 de julho de 2023

As barreiras do intransponível


Tais seres inanimados contidos por muralhas de um fortim abandonado nas areias do mais imenso dos desertos, cá vamos de passos dolentes rumo ao desconhecido. Vítimas tantas vezes da própria solidão, acreditamos em vagos sentidos e ansiamos distinguir a luz diante da contundente Eternidade sob o que adormecidos viemos aqui. Palmilhamos as pedras de uma caverna rigorosa de olhos abertos ao imprevisível das horas em movimento. Estes aventureiros do destino, divisamos de única alternativa continuar e continuar sempre na busca do Infinito de algum lugar certa vez. Há um sonho em todos nós de viver o inesperado de felicidade numa única atitude mística, pessoal, dos que têm a liberdade do impossível e nisso alimentam o desejo gritante de sobreviver a qualquer custo ao caudal da sorte persistente.

Depois de longos itinerários de vidas e vidas, de um instante a outro divisamos o Sol a iluminar o horizonte. Notamos alguém que existe nas dobras da própria consciência e alimentamos o firme propósito de revelar essa verdadeira identidade até então submersa aos impulsos da ausência dos animais que ainda somos. Abrimos os braços a tudo isso lá quando menos esperávamos e reunimos força de nos erguer aos céus. Poucos, no entanto, desvendaram a real necessidade que transportam do mistério em andamento, o que significávamos durante todo tempo.

Face ao poder da condição tão só limitada, restrita, de nunca ser de verdade é que advém o impulso instintivo de salvar a existência ainda que presa aos rochedos da angústia e do nada. Gastos, pois, os impulsos da verdade que nos sacodem o coração, apenas vultos vagam perdidos nesse mar de pouca ou nenhuma realidade qual transformaram o roteiro das noites de um mundo gasto e que se desmancha a olhos vistos.

E a gente o que disso concluir?! A que portos tangemos o barco das histórias que escondem o senso e aceita o desaparecimento sem o menor receio de ter de chegar a lugar algum. Bem isto esses tantos personagens que desempenham os papéis e desaparecem aos acordes plangentes dos sinos da imortalidade.

(Ilustração: Aquiles, o herói por excelência, de Arnóbio Rocha).

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