Só nesses dias recentes, 53 anos passados desde que inauguraram o Cine Educadora, em Crato, assisti ao filme que fora mostrado bem nos inícios de suas atividades. Tinha de dez a doze anos e a censura restringira em 14 anos a idade dos espectadores. Fiquei fora, olhando a fila dos felizardos, cheio de vontade de acompanhar a exibição, sem, contudo, lograr êxito. O comissariado de menores da Comarca era irredutível.
Depois de mais de meio século, pois, remexendo os tabuleiros
das Lojas Americanas, dou de cara com o DVD do filme. Na primeira oportunidade
deste mês de junho de 2011, sentei em frente à televisão e mergulhei com
sofreguidão na história que já conhecia de livros, a saga do Rei Artur, da
Inglaterra heroica de antigamente.
Desta feita, variadas interpretações subiram à tona para atender
ao desejo do menino contrariado; ver as cenas, que antes eram em celulose e
projetadas numa sala fechada, agora através de máquina que nem existia a cores
na hora lá atrás; o mesmo filme proibido com sabor renovado; analisar a
produção de cinco, seis décadas anteriores sob a visão dos dias atuais; e reencontrar
os personagens da lenda inglesa, tudo em alimento do sonho simbólico que a arte
proporciona.
No vídeo, Robert Taylor, Ava Gardner, Mel Ferrer, e outros
atores menos festejados, encenaram o drama dentro do prisma amoroso que quis
abordar seu diretor, Richard Thorpe. Largou de lado os aspectos apenas épicos
da história e prendeu a trama nas intrigas da corte e na paixão de Lancelot e
Guinevere, aos olhos ardilosos de Mordred e Morgana, inimigos figadais dos
titulares no trono.
O que se vê: um Artur Pedragon encurralado entre o vínculo
profético da condução do seu povo, substanciado pela espada Excalibur presa na
pedra, e as questões palacianas, o que lhe custará o poder e a vida, desenrolar
por demais solitário e trágico, conduzido à distância pelo mágico Merlin,
guardião das forças do Bem no jogo de poder do reino de Camelot.
Em tudo isto, ainda uma esperança prevista com a vinda futura
do salvador da Ilha, Galaad, o cavaleiro da promessa, filho de Sir Lancelot e
Elaine.
Belo filme, posso dizer com tardança, que resistiu ao tempo
devido à evolução da tecnologia da comunicação. Há esta chance de preservar as
oportunidades e nutrir a perspectiva de nada se perder, guardado em algum lugar
ao dispor das gerações. Quem diria houvesse a conservação de tantos registros
através de monumentos e obras criativas, transmitidos no decorrer dos séculos?
Músicas, livros, pinturas, esculturas, filmes, desenhos, jornais, revistas, elementos
essenciais ao vasto conhecimento e à transmissão dos valores...
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