Aguentar as dores daquele mundo tornou obrigação de
sobrevivência; trocavam opiniões entre si sobre viver, amor, alimentos, sede,
durante o tempo dos ruídos nefastos lá de fora. Mas resistiram o tanto
suficiente de presenciar, nalgumas mudanças que as horas trazem, algo de
possibilidade que definiu primeiras sombras de que logo ali ao lado novas
chances de libertação mostrariam o jeito de pessoas diferentes da batalha virem
em multidão às bandas de cá do leito da rua. Umas mulheres de trajes longos,
cabelos escorridos, quais damas misteriosas do destino, olhos ofuscados na
claridade com que se deparavam ao presenciar a paz.
Aquelas aparições vieram chegando silenciosamente; foram
abrindo as portas de baixo dos cômodos da casa envelhecida; reanimaram eles
dois e indicaram claridade do caminho do que, pouco antes, parecia final dos
tempos em definitivo. O que só parecia desespero, impossibilidade, reverteu o
rosto e revelou otimismo, alegria.
Assim, nas transições das nuvens que passam no firmamento, durante
vezes, o universo parece fechado para sempre; em seguida, bonança sem par
envolve as fibras do coração e os viventes nutrem de paz a consciência, um
alento dos deuses que prevalece diante dos panoramas ocultos. Espécie de
renascer estonteante, capaz de converter piores incrédulos, bárbaros e
facínoras, porquanto há estrelas no céu que iluminam trevas e plenifica de amor
os corações.
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