terça-feira, 22 de novembro de 2016

Vamos e venhamos

Sobre saber o que restará depois que tudo houver acabado, alma, coração e vida, depois, bem depois que o mundo terminar, o que ainda ficará queimando, fumegando?... Daí a pergunta crucial do que existirá na sequência natural dos elementos em decomposição. Aonde pisar o próximo passo desses corpos em queda livre; quando sorrir e bater palmas de entusiasmo pela peça terminada?... Todavia há de continuar o filme da Eternidade sem limite, esfera de raio infinito. 


Nessas horas assim longe de quaisquer possibilidades, abandono, saudade, frustração, o que moldar de tanto caco espalhado ao vento? Que colagem de tanto papel velho, sem cor, sem textura? Aonde postar as mensagens de felicidade e alegria, esperança e fé, em que rede social? Em que circunstâncias acreditar no futuro distante tão imediato? Porém resposta existe, afirmo com absoluta franqueza. Existirá para todo o sempre a serenidade da certeza que impera neste firmamento, independente dos livros de autoajuda, de compêndios políticos ou religiosos. Certeza absurda, grandiosa. O fluir sem conta dos acontecimentos soberanos.

Essa resposta poderosa representa, entretanto, o exato sentido de alimentar um objetivo com ânimo e firmeza, nutrir as baterias da vida ao destino de prosseguir além, sobre obstáculo e traumas. À força da essência do Ser, valor de proporções inigualáveis da arte de sobreviver nas coxias. Aprimorar o desejo de tocar adiante o rebanho de células e moléculas que somos, livres de conhecer a que viemos e aonde iremos. Ignorar a própria ignorância, e seguir em frente, longe do direito de desistir, porque essa hipótese não contará, pois jamais existirá no programa. 

Que importa, pois, na verdade, já vem conosco no íntimo da existência, fora das explicações e aparências, o viver acima de tudo e depois de tudo o que vier a acontecer.

Pronto, bem isto, de achar o gosto de prosseguir ao momento seguinte, rasgar o véu do tempo e administrar a sede, a fome e o frio de existir, porquanto persistem na gente as sementes que farão das horas um momento único. E o artífice disso é a vida que fervilha em nossos corações imortais. 

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