quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Sem maiores explicações

Um noviço, certa vez, se dirigiu ao seu Mestre e indagou:

- Qual a pergunta mais importante que existe?

Com um sorriso nos lábios, a figuração desprendida dos mestres zen, ele logo respondeu:

- A pergunta mais importante que existe é esta que o senhor está fazendo agora (Qual a pergunta mais importante que existe?).

- E qual é a resposta mais importante que existe, Mestre? – seguiu perguntando o noviço. Ao que o superior, em seguida, lhe respondeu:

- A resposta mais importante que existe é esta que agora estou lhe dando.

E bem no interstício entre a pergunta que o discípulo fizera e a resposta que o Mestre lhe acabava de oferecer ali cabem todas as perguntas e respostas que existem ou venham a existir, quando, em gesto de pura leveza, nesse espaço hipotético, circula o conhecimento de tudo quanto há, pois o Ser que vive no que indaga já traz em si toda  explicação e todo conhecimento a propósito de tudo.

Bem no centro da fronteira entre a razão e a emoção circula o movimento do Universo, que é a luz da Eternidade que habita em todas as vidas, conscientes ou em fase do despertar da Consciência.

Enquanto explicações atende à razão, o sentimento assiste, por vezes indiferente, o transcorrer das respostas que o Universo oferece aos olhares vagos dos protagonistas do Infinito de todas as perguntas e respostas.

A luz que um dia imperou desfazendo as trevas da ignorância vaga na noite ainda escura das consciências sombrias à busca trazer a iluminação. - Meu Reino não é deste mundo – dissera Jesus.

Por isso, no vazio das consciências, em meio a tantas perguntas possíveis e imagináveis, perdura livre o desejo da verdade mais pura, durante o caminho das gerações. De passos continuados neste solo das existências, desperta a Natureza, o sol das presenças individuais que um dia irão clarear todo Tempo.


Obs.: A historinha que ilustra este comentário me foi contada por Gabriel Facure da Rocha.

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