sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O sacrifício

Desde a vinda de Jesus sob o clima da profecia bíblica do cordeiro, existe o enigma forte da fé nos cristãos. Ser imolado diante das contradições deste mundo a que isso se destina?! Entregar o corpo ao cepo voraz do tempo e, ao final, retornar ao mesmo início que os pariu. Todos, todos sem exceções pisam aqui dentro das condições iguais das aparentes contradições, teto comum de regressar ao princípio, numa aparente hipótese longe da solução. Mas a que isso se destina. Sob que égide o deus Cronos, dos gregos, deus Tempo, dará a luz e devorará os próprios filhos?! Quando, logo em seguida, fazemos o caminho de volta ao rio permanente do fluir eterno do rio onde nunca nos banharemos duas vezes, qual disse Heráclito, nesse sacrifício de existir. Pisar a superfície e deslizar ao mistério, outras e outras incontáveis vezes. 

No entanto vem Jesus e oferece a proposta renovadora de um reino fora deste mundo, noutro universo diferente, das nuvens onde a matéria não conta. Lá onde achar a solução do enigma dos séculos. Bem no âmago de nós, planícies do coração, invés dos impulsos fugidios da história externa dos indivíduos em conflito, na chance infinita do sacrifício da via de contradição da matéria. Bem no interior de si, nos pomos desse jardim chamado vida, o fruto maior do amor, o sentimento rei.

Processo dialético, dual, contraditório, de vir à luz e arrastar a culpa da escravidão dos prazeres que esvaziam, contudo a oportunidade infinita de vencer a carnal do animal dos objetos em movimento, e revelar de si outro eu adequado à felicidade de amar pelo amor e viver no sentido da luz, farol dos aflitos, objetivo maior da esperança de tantos na jornada dos viventes e destino certo ainda só de poucos.

- Decifra-me ou te devoro, no deserto das consciências reclamava a esfinge. Abrir as portas da revelação do mistério que se transporta guardado na essência, que indicará o código pessoal da resposta a que viemos revelar, lembrança mais forte da paz que alimenta a esperança de tantos achar a virtude.  

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