sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Espiritualidade em tudo

Houve um tempo que certo senhor trabalhava com meu pai na fábrica de pré-moldados que este possuiu próximo de nossa casa, no bairro Pinto Madeira, em Crato. Antônio, assim se chamava. Vinha vezes várias à nossa residência e comigo frequentava a Associação Espírita Allan Kardec, ali nas imediações. Ainda que de sítio, das bandas de Acopiara, refletia nas conversas conceitos clássicos ligados à religiosidade natural e apreciava o Espiritismo kardecista. 

Nessa época chegara ao Cariri os primeiros sinais de televisão. E lembro quando assistíamos no vídeo a partidas de futebol, nos domingos à tarde. Ele comentava o quanto de espiritualidade imperava naqueles atletas, observação que gostava de fazer. E eu imaginando onde andava ao ver esse aspecto da formação dos jogadores, pessoas disciplinadas e fieis, que exercitavam no campo o ofício da bola. 

Hoje analiso melhor o que Seu Antônio dizia quando falava das práticas esportivas ligadas ao lado religioso das pessoas. É que em tudo por tudo nelas habitaria o senso espiritual, seja quando e onde existam criaturas humanas. Nem sempre só à frente de grupamentos voltados ao dizer institucional de religiosos, líderes de si comandam o outro lado das ocorrências externas. 

Seja quente ou frio, porque morno eu vomito – avisava São Paulo. Nas opções do drama social há diversos papeis a preencher o espaço da compreensão. Desde soldados a serventes e pedreiros, músicos e matemáticos, enfermeiras, vendedoras, atores, senadores da República, todos especialistas na condução de seres úteis ao fluir das gerações.

Sei, igualmente, da necessidade principal de realizar a formação da consciência espiritual onde quer que seja o passo das ações de sobrevivência do instante. 

Via neles, nos jogadores em campo, o poema da Criação. Longe apenas dos intelectuais, letrados, formadores de opinião, aqueles também cumprem a faina dos espetáculos, nas tardes mornas dos finais de semana, entretendo outros irmãos perante a calma de refrescar o juízo enquanto trabalhavam naquilo que lhes cabe no espaço das quatro linhas. Sim, Seu Antônio, quanta espiritualidade nos praticantes de todas as modalidades esportivas neste chão de tanto suor e lágrimas, sonhos e risos.

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