Som do motor da
geladeira revira o silêncio olímpico da manhã. As telas dos equipamentos andam frias,
só cheias de filmes antigos elaborados nas intenções financeiras, filão que requentado
aos tempos dos balcões de bar. Enquanto isto, noticiosos promovem velhos temas
de perseguir os bandidos de menor poder ofensivo durante as ações dos magnatas
de colarinho branco, fantasmas impunes em seus iates e helicópteros espalhados nos
gabinetes de tribunais da impunidade. Tiros em profusão invadem as ruas das
grandes cidades e guerras perdidas pelo poder da destruição em massa, coisa
vulgar, fora de moda, ainda aparecem nos cantos de páginas. Gente bonita e suas
caras enegrecidas pela fama falida, outros tipos de desespero avassalador. O
clima que muda em transformações provenientes da sanha devastadora às matas e
agressões aceleradas de ganhos fáceis para encher de fantasia a sujeita os
mares bravios da técnica. Raça humana derradeira, feras em forma de gente.
Lobos e cordeiros convivendo nas mesmas matas desse tempo acetinado pelas festas
artificiais dos chefões das máfias. Longas filas engarrafadas. Porre generalizado
nas praias da obesidade impune, lentos blocos de gelo que deslizam dos polos e
animais extintos que viraram pedras nos filmes do mau gosto. Histeria devassa,
esconderijos inexistentes e busca incessante de luz. Estádios cheios da
violência nos esportes, retratos grosseiros do presente assustador. Há lugar
menos estressante na alma. Esperanças vivas nas palavras, resistentes filósofos
que superaram os guetos das cabeças fechadas. Fortes indícios de mudança no
sentir dos limites vencidos, desencantos e vaidades abandonadas, largadas nos
cestos de lixo das vésperas. Portas que abrem universos existenciais depois dos
dramas e comédias inúteis. Tetos da amizade, cantinhos aconchegantes de saúde,
boa alimentação e gosto pelas ações verdadeiras, bens simbólicos geniais. Fugir
do falso e reconstruir desejos do amor verdadeiro sob as cobertas aquecidas de
novas e honestas liberdades. As cores fortes e claras do amarelo, azul,
laranja; toques de branco nas nuvens que passam nos céus das manhãs incontidas.
O sorriso animado das crianças. Praias limpas, alvas e abertas do infinito das
horas em eterno movimento. As flores perfumadas, verdes florestas de rios
correndo com água limpa. Pousos de paz e claros indícios de novidades justas
aos corações em vibração positiva. Sentir o calor do sol na própria carne,
independente dos critérios impostos pela mídia insana. Animação e arte de saber
domar a tempestade e conduzir o barco a rumo certo, única solução desse enigma
imortal que somos nós.
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