segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Diamantes e poetas

Eu queria que a própria linguagem fosse inventada a cada poema.
                                                                                   Ferreira Gullar           
A escola do poeta é a vida. O destino do poeta, a Eternidade. Assim me vêm os pensamentos quando, na madrugada de ontem, regressou aos páramos celestes o poeta maranhense Ferreira Gullar. Essa raça de gente não morre nunca, pois eles nascem no sentido único de eternizar de si a palavra. Vão daqui e deixam os sentimentos plasmados nos poemas, nos livros, em suas histórias inigualáveis e impossíveis. Rasgam a empanada que os separa do outro lado da vida com as próprias unhas, por saber da certeza do lugar aonde firmarão os pés espirituais, nas bandas de lá, aqui de junto.

Ele nasceu com outro nome, José de Ribamar Ferreira, em São Luís MA, no dia 10 de setembro de 1930. Cresceu em sua cidade e logo cedo, ainda adolescente, resolveu ser poeta, profissão sem profissão, de risco, à toa. Aos 18 anos, frequentava os recantos boêmios da Capital maranhense e aos 19 anos conheceria a poesia moderna através da leitura de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.                               

De pensamento libertário, diante das movimentações políticas dos anos 60 evidenciaria atitudes que o marcariam definitivamente qual escritor, teatrólogo e compositor de largo costado e visado pela repressão daquela fase histórica. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, reconhecimento dado aos grandes autores nacionais.

Hospitalizado durante 20 dias, a 04 de dezembro de 2016,  um domingo pela manhã, Ferreira Gullar deixaria o rol dos vivos, pai que fora de dois filhos, Luciana e Paulo, e avô de oito netos, e voltaria ao mundo espiritual, subscrevendo belos poemas que decerto permanecerão para sempre na memória da melhor literatura brasileira.

E jamais sobrará reviver suas palavras ao afirmar com gosto: Porque nada do que foi feito satisfaz a vida, nada enche a vida. A vida é viver.

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