segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sob a pele das palavras

Pois existe um mundo que passa bem por debaixo das palavras, formado dos significados delas. Do jeito que há as ações e as intenções, do que é dito persiste algo oculto, nem sempre decodificado por quem ouve ou lê. Equivale a pensamento e sentimento. Máquinas fôssemos, as dos filmes de ficção, seriamos meros produtores de falas, e ponto final. Contudo percorre nas palavras o sentimento, que larga do universo de quem emite e chega a quem recebe, ocasionando o recebimento das mensagens.

Quando se lê ou escuta, ninguém mergulha o universo de que diz, mas, sim, o próprio universo. Ninguém lê ou escuta; se escuta ou lê a si mesmo, num eterno recriar das mensagens, por vezes advindas de milênios anteriores pelas asas da cultura.

Em certo momento das artes, André Breton trabalhou a linguagem da fala no que chamou de escrita automática, quando se deixou conduzir por mãos invisíveis naquilo que escrevia, desvelando o território do Surrealismo,

Eram os tempos das mesas girantes, prenúncios do espiritualismo moderno, bases do Espiritismo Cristão, codificado por Allan Kardec.

Nessa outra dimensão que perpassa as palavras reside o Inconsciente,  mundo pouco explorado da Natureza, abismos profundos da mais pura revelação de Tudo.

Por vezes a banalização das mensagens sujeita sufocar as gerações, qual observado nestes tempos mercantilizados dagora, quando massa informe de saturação do lixo industrial parece vencer o belo e o justo através da superficialidade e do mau gosto. Resta, no entanto, avaliar o poder infinito do mistério que mantém o domínio das existências todas. A sofisticação da civilização desses tempos pareceu conhecer além... o que não passava dos muros do jardim, porquanto cogita até da existência de onze dimensões, enquanto apenas chegamos à quarta dimensão, a que existe debaixo das palavras, já querendo com isso dominar a Eternidade sem antes haver dominando nem a si, esse vale amplo e misterioso.

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