quinta-feira, 2 de abril de 2015

A força das palavras

O resultado de chegar ao outro com aquilo que dizemos significa mistério de não ter tamanho, equivalente a manusear o fôlego e produzir comunicação do que existe e passar através da consciência. Elaborar pensamentos em moléculas, temperar isso com torrões de sentimentos, e achar o lugar, momento certos de aplicar energia na contextualização da mensagem; deixar as palavras fluir, bater asas rumo às demais consciências, gesto fundamental na elaboração do que costumam denominar transmissão de pensamento. 


Isso, o poder miraculoso de transmitir o que acontece no interior das mentalidades, reparte o presente em milhões, bilhões de pedacinhos e os faz marchar rumo da percepção dos seres inteligentes, que interpretam, acondicionam e com isso alimentam o espírito, trabalhado ao sabor da forma, do conteúdo,  projetando em si a presença de toda pessoa.

Tal multiplicação de fragmentos representa trabalho de todo momento no coração das pessoas, porquanto resume o que vem à alma, fruto das falas, dos gestos, das observações e do nível da observação considerado. Ninguém anda sozinho, abandonado nas vastidões cósmicas, vez trazer em si essa máquina poderosa de codificação das realidades do Universo. 

Juntados, pois, tais impulsos de nós mesmos, eis o ente de que somos formados, rebanhos condutores das palavras lançadas no ar, vazias ou cheias de ciência, enquanto máquinas de respirar, pensar e sentir, aprendizes soltos nas estradas deste chão. O indivíduo são suas palavras.

O potencial do que as palavras transportam equivale à existência enquanto jeito único de processar significados no que presencia e sustenta.

A radiografia do turbilhão de sentidos que percorre as veias desse mundo identifica ânsia sem fim de um dia encontrar o lago azul das palavras justas e mitigar a fome de sabedoria, o que as palavras podem bem satisfazer

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