terça-feira, 21 de abril de 2015

Meteoritos

Querer, sim, e visto querer, as dores cresceram de dentro para fora, numa vontade firme de descobrir, intenso e real, o amor entre os seres. Ela e ele atingiram o instante quando o coração não pode esperar melhor ocasião; só viver febricitante a expectativa de unir corpos felizes.

A barra da madrugada reunia neles essa aura luminosa, enquanto olhos ardentes lambiam, um no outro, furor descomunal de quem saboreia o sabor gostoso de pão quente à beira da estrada do sonho.

Os dois, aflitos no desejo intenso, entregaram na brisa as faces pelo quebra-vento todo aberto; sol a cingir-lhes de ouro os cabelos, junto de ondas fogosas a sacudir o mar da vontade. 

Longe, no horizonte infinito, a presença do Poder, nuvens brancas a repassar cenário diante do azul que emoldurava as imortalidades no calor dos corpos unidos através de amor sincero, puro.

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Conta tradição dos muito antigos que vivêramos distantes, lá na constelação de Cocheiro - onde três planetas chegaram a estágios de tecnologia e destruíram suas civilizações numa guerra trágica. Visto inexistir coincidência, era a época própria da colheita, naqueles povos remotos. Desse conflito ocorreria profunda reviravolta, pois os tais planetas passaram a novos estágios de mundos evoluídos, e seus habitantes restaram submetidos por seleção obrigatória aos ditames da Justiça superior; os espíritos que obtiveram o Conhecimento maior herdaram aqueles mundos.

Os outros, exilados na sorte do merecimento, vieram trazidos a novas oportunidades neste lugar de nível moral ao que viver e perder, pois não souberam bem aproveitar, para aqui continuar sua evolução nas raças ária, egípcia, judia, asiática. 

A tradição guardada nas lendas afirma e acrescenta a história dos momentos vividos, agora no chão da Terra, em via de profundas transformações siderais, trânsito expiação e provas a mundo de regeneração.

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Veloz a percorrer o espaço entre a casa, o paiol e a meia-noite, um risco no céu mostra a presença dos visitantes.

O inverno trouxera características diferentes; se apresentara com noites frias e agradáveis, promessa de sono tranquilo aos que mantivessem a paz na consciência vindos leves aos lençóis.

Um bólide pousa quieto, silencioso. Dele descem criaturas longe dos padrões do que chamamos humanos em termo de gente, todavia estabelecidos nas duas pernas, dois braços, tronco, cabeça, ritmo, equilíbrio e algumas notas mais pouco divergentes. Silenciosos pegaram os dois amantes pelo braço e os conduziram. Viagem solene iniciava, ocorrência superior. No íntimo, homem e mulher aguardavam a providência; às estrelas, plenos de amor, a semente do futuro.

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