quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Libertação interior

Busca incessante, existir. Tantos detalhes, tempo veloz em câmara lenta. Baixas, elevações, pensamentos, sentimentos, vontade aberta e limitada, a um só momento. Dizem muito, dizem mares de palavras, no silêncio disso tudo. Seguir, correr, prosseguir. Voar no vento e regressar de mãos vazias ao dia seguinte, presos às bólides metálicas da carne. Aos olhos vulgares, mera prisão dos dias e das noites, novas chances e velhas ilusões. O escafandro amarrado às mangueiras de oxigênio, máscaras de vidro das esperanças que renascem nas outras manhãs. Daí o desejo monumental de saber o motivo de vir, ou já estar, ou nunca ir, a milhões e milhões de séculos vagando neste caos. Ser das perguntas, vidas em movimento, chuvas de gente, de números, de nadas.

Mas há quem fale diferente, que chegue mais à frente e veja distante, lá depois das montanhas que molduram a vista. Revelam certezas maiores do que todas as dúvidas. Acalmaram em si o jeito com que descrevem as práticas do que é bom, amar as coisas e criaturas, perdoar, acalmar os temporais, alimentar alegres sonhos de paz e aceitar o firmamento. Descrevem territórios luminosos, recantos aprazíveis, belezas mil, apenas mergulhando nas planuras da Consciência e penetrando as cores e maravilhas jamais até então imaginadas pelos mergulhadores da imaginação delirante que antes foram. Dizem haver, nos refolhos da alma da gente, o alimento que satisfará a fome dos gigantes e a sede dos desertos.

Lugares quiçá inatingíveis, fossem noutros universos inexistentes, que habitam o solo fértil das criaturas, de nós mesmos vem a forma de altares de oferendas aos deuses do coração, a que chegar por meio da Verdade aceita. Dotados das melhores alternativas dos elencos e das cortes, dispõem os voluntários da coragem no véu da Eternidade, enquanto agora. Logo hoje. Sempre terno poema de graças e felicidade, são os valores do Bem, das aspirações dos santos, avisos dos profetas, doutrinas dos místicos, criação do Divino, aqui no íntimo chão-oceano da pessoa humana que ora lê, pensa, e quer.

(Ilustração: Nicholas Roerich).

Um comentário:

  1. Busca momentos especiais, de emoções, de afeto, de atenção, sentimentos normais inerentes ao seu humano. Algumas vezes buscamos refúgio na fé,no lado espiritual, mas que nem sempre preenche o vazio deixado pelas expectativas e sonhos que projetamos para nossa vida. Buscamos refúgio também na leitura, na oração, no lazer, mas estamos sempre incompletos falta-nos o que é mais importante o existir para nós mesmos ou para alguém em quem queremos bem. É uma eterna busca e até certo ponto acho normal.

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