Na noite do sábado (26.08.17), no pátio da RFFSA, em Crato, assistimos
a apresentação deste grupo, Fulô da Aurora, de música característica das
melhores tradições populares do Nordeste. Criado em 2003, inspirado nos
brincantes do Cariri cearense, a banda, composta por sete exímios executantes,
traz a mais pura alegria, isto nos moldes das bandas cabaçais sertanejas, com
baiões, frevos, cocos, xotes, xaxados. De harmonia e ritmo admiráveis, reacende
a força viva dos maracatus, reisados, maneiro-paus, das festas dos terreiros, e
o que é melhor, sob controle rigoroso de quem sabe o que faz, e faz.
A música sempre refletirá o nível cultural das populações.
No entanto a repetição mecânica dos meios eletrônicos sujeitou a gerar
distanciamento das origens autênticas e produziu aberrações e artificialismo
perverso, qual o que hoje constrange o mercado da civilização de massa.
Espécies de arremedos daquilo que poderia ter sido, o mundo artístico musical
tendeu aos absurdos da agressividade perdida, tanto nas letras, nos estilos repetitivos
e sem graça, quanto na intensidade extrema da utilização dos equipamentos
dissonantes. Retrato desta fase escura nas artes em geral, o que agora chamam
de música passa longe da dignidade artística do bom-gosto e da beleza.
Porém nada está perdido. Vez por outra a gente encontra resistentes
dos tempos e costumes medíocres. Fruto da necessidade primal da estética limpa
e verdadeira, sobrevive almas da inspiração original. Daí os arautos,
semelhantes a heróis imbatíveis da essência sublime, que jamais perecerão.
Queremos assim classificar este exemplo da Fulô da Aurora, que aguardava o
momento certo de conhecer. Tem dois cds gravados, Querendo tem e Cabocô, estando
esgotado o primeiro deles. Liderados por Fabiano de Cristo, um dos executantes
do grupo, cumprem com maestria a função de contemporanizar ritmos saborosos os
quais traduzem no som de rabeca, viola caipira, percussão, pife, violão,
vocais, numa musicalidade feliz, rica, fértil, sublime.
Bom presenciar os sabores da nossa imortal oralidade nas
letras e nos naipes sonoros de tão consistente manifestação artística deste momento.
O cariri preserva muitas lembranças e tradições culturais que faz parte da sua própria história. Quem morou no Crato não esquece os cantos do reizados, banda cabaças dentre outras. Gosto demais, fazem parte da minha história de vida, acho que de todos que por ali passaram. Lembranças boas...
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