Quando Prometeu roubou o fogo para trazê-lo aos homens, assim
abriria neles o poder de conduzir a luz da Consciência, portal dos valores
eternos. Daria à Humanidade a dádiva de revelar no íntimo o mistério restrito
só aos deuses. Jamais se sentiriam afastados da estrada que permite à
libertação definitiva. Tudo, enfim, até então reservado aos Céus, que agora
estaria também ao dispor dessas criaturas antes animais sem razão. Prêmio,
porém, além dos limites permitidos, isso custaria, a quem o ofertou, preço de
enorme suplício.
Julgado pelos deuses, Prometeu seria, por isso, acorrentado ao
Monte Cáucaso, tendo a devorá-lo o fígado, que sempre se recompõe, um abutre
esfomeado. Esta a rotina em que vive o deus, dia após dia, até a consumação dos
séculos, no cumprimento da sentença de infringir a Lei.
Enquanto que, entre os seres humanos, existe o poder de
abrir a Consciência, este fogo, e transpor o Infinito, graças ao gesto de
Prometeu, é essa a penalidade que terá que dividir com o herói, nas encostas do
Cáucaso das existências. E padece com o doador a tarefa extrema, vítima do
abutre do tempo que lhe devora, e se refaz pelas reencarnações. Isto durante o
período em que durar conhecer a Luz que transporta e libertar de vez o deus da amargura
ingrata.
No decorrer das existências, os humanos padecem a angústia de
saber que possuem o condão da Salvação, contudo ainda vive prisioneiro das
dores da inferioridade, ligados aos apegos da carne, e arrastar consigo o
pecado de Prometeu.
Mito dos mais brilhantes do passado clássico, norteia as
interpretações dos porquês da ansiedade, do desespero, nas vidas sucessivas. Houve
de haver, pois, quem aceitasse infringir os ditames imortais, na missão de
oferecer o fogo sagrado aos cativos e libertá-los da condição humana.
(Ilustração: Prometeu, de Rubens).
O fogo da consciência é o que mais profundamente queima. Não tem remédio que amenize uma consciência pesada. Mas em ccontrapartida existem os motivos que levam as pessoas tomarem certas atitudes, ou viver determinado estilo de vida. " cada um compõe a sua história... e o dom de ser feliz, o que nem sempre significa o mais certo, mais correto do ponto de vista dos princípios ditos como os mais perfeitos. Nem por isso menos importante porque por trás de cada pessoa existe uma história que só o próprio autor pode traduzir. Daí não se poder julgar o quê é como cada pessoa vive.
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