As cidades incharam devido à ocupação de modo desordenado e arbitrário. O poder aquisitivo desocupou o solo rural, expulsando pequenos proprietários e agregados ao exílio das vilas e metrópoles. No caso brasileiro, a equação campo-cidade inverteu-se no período de 70 anos. Contingente ímpar de criaturas empobrecidas pela estrutura injusta da exploração agrícola deixou o campo à agroindústria de exportação, incentivada no modelo urbano-exportador, a partir dos anos militares.
Na conta desse esvaziamento da atividade primária de produção, o espaço citadino repercute hoje as formas aleatórias de expansão geográfica, afavelado em velocidades vertiginosas. O setor de serviços, por sua vez, também ampliou algumas possibilidades do fenômeno, sem, contudo, reabastecer de meios a geração de renda. Destarte, o homem apenas ocupa funções quantitativas, mas quase nunca dispõe dos instrumentos que antes o campo lhe propiciava.
Nisso, desenvolveram-se os números em detrimento da qualidade vital. Mora-se longe, trabalha-se mais longe e diverte-se a distâncias infinitas, no lazer das praias e montanhas, forçando percorrer longos, esburacados, engarrafados caminhos, imprevistos.
Em consequência, vista a estagnação do poder de compra, os transportes ora se apresentam ao nível dos fregueses. Mínima minoria usufrui do transporte individual-familiar e uma máxima maioria se submete ao transporte individual-individual, no caso a motocicleta, ambas modalidades que superlotaram as vias caudalosas e arriscadas, calamidades presentes na roleta em que se tornou o trânsito das metrópoles.
Países desenvolvidos, sinônimo de ricos, administram o pandemônio por meio dos custos elevados das ruas e autopistas construídas nos padrões ideais. Todavia, nos países em desenvolvimento, outro nome dos subdesenvolvidos e periféricos, o drama da circulação de gente reveste características calamitosas jamais consideradas.
A civilização deste tempo depende agora quase só do petróleo, geradora das guerras expansionistas em demanda dos poços, ambição das mais ricas e poderosas nações.
Avaliação contundente, de animais econômicos mudamo-nos em animais pneumáticos, a correr do nada a lugar nenhum, condicionados sujeitos de multas, cruzamentos e semáforos, olhos aflitos nos painéis iluminados e ouvidos acesos no tique-taque das bombas de combustível, quais seres que apenas fogem.do final dos tempos conhecidos.
Entretanto a coletividade carece de continuar a peleja dos dias na força motora do amanhã, lotando coletivos, pendurada na matriz eterna matriz da esperança democrática igual a todos nós.
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