terça-feira, 13 de maio de 2014

Imediatismo

Na Bíblia, há exemplo clássico de imediatismo. No livro de Gênesis, exausto e faminto, Esaú, neto de Abraão, aceitou de bom grado a proposta de Jacó, irmão seu, para trocar o direito de primogenitura por um simples prato de pão, caça guisada e lentilhas. Sem medir as consequências do gesto, se rendeu ao impulso do momento, refugando o futuro melhor que lhe aguardaria.

Tantas e tantas histórias existem dessas atitudes irreverentes que não custa notar o quanto rotineiro virou comportamentos de pessoas agirem por impulso, a considerar apenas irresponsabilidade, preguiça e má fé como coisas naturais para si e os demais. Esquecem, na prática, que a vida é longa e o pensamento, breve, palavras sábias do cancioneiro popular.

A política disso preenche inúmeras páginas, com homens e mulheres, nas suas funções profissionais consagrados médicos, advogados, sacerdotes, jornalistas, artistas, exímios e valorosos, largar tudo para demandar as tetas do erário público. Lá, longe de origens reais e vocacionadas, trafegam alienados peixes fora da água, zumbis de gabinetes e corredores, que se põem perdidos no campo das vaidades e do poder escorregadio, em detrimento da competência necessária ao exercício do comando.

Outras formas de imediatismo acontecem nas aventuras e conquistas das civilizações colonizadoras. Espanhóis a destruir os povos do Novo Mundo, astecas, maias e incas, à cata de sonhos materiais e botins da ganância. Portugueses, na febre das esmeraldas, em matanças e destruições dos primitivos da Vera Cruz. Invasões bárbaras da Europa. Ingleses e franceses na espoliação da Ásia e da África. Tudo somado aos crimes ambientais há décadas promovidos na ocupação dos recursos naturais de matas, rios e mares, em prejuízo da rica e dadivosa Natureza, e reações da existência na Terra.

Isso também vista a jornada coletiva que devolve o pensamento a estados melancólicos, diante dos equívocos cometidos: Então replicou Esaú: Eis que estou a ponto e morrer; logo para que me servirá o direito de primogenitura? Jacó deu a Esaú pão e o guisado e lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura, confirma o texto bíblico (Genesis 25, 32) lá no Antigo Testamento.

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