Houve, sim, um tempo quando, antes de mim, obstáculos topariam com meus pais até chegar ao meu território. Assim, os dois imporiam condições de sustentação que amaciavam os impactos das ondas fortes e acalmavam as tempestades, a que dedicavam o amor aos filhos.
As surpresas exigentes chegavam, e com elas a lembrança instantânea de a quem procurar, fonte de conselhos, orientações, palavras firmes, decisões...
Tais blocos graníticos, fosse que hora fosse, permaneciam dispostos a tudo, reserva além de todos os limites.
Porém o ritmo da Natureza impõe condições de continuidade, quando o que um dia pareceu eterno se dilui no ar feitos fiapos, a escorrer dos olhos na forma de gotas mornas que descem sistemáticas. Aos poucos, foram indo embora para lá dentro das manhãs, tardes, noites sem fim, pois aqueles entes magnânimos também somem através das cachoeiras da memória e largam a gente nos impactos dos dias quais titulares prematuras, ainda inexperientes, agora, no comando desta vida.
Nessas horas, submetidos ao pulsar constante do coração do tempo, as dificuldades mostram seus dentes afiados, a cara fechada, e desafiam nosso equilíbrio; reclamam da experiência, do tato, e quase imediatamente nos vem a lembrança deles, da mãe e do pai. Nesses momentos, no entanto, por não mais estarem aqui ao poder das nossas mãos, somos impelidos a cumprir o mesmo papel que um dia lhes pertenceu. Devemos, então, responder a questionamentos semelhantes ao jeito infalível como respondiam quando presentes e perto, valiosos, inestimáveis.
Olho em volta, cheio do ânimo que ensinaram, e reencontro, na certeza do Bem, a força viva de saber que houve um tempo quando, diante das aflições maiores, imediatamente lembrava minha mãe e meu pai, e os procurava confiante...
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