sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Os Índios Tabajaras

Eis um fenômeno da arte musical que merece relembrar, Os Índios Tabajaras, dupla de músicos de cordas nascida em terras do Ceará, no município de Tianguá, na Serra da Ibiapaba, nos anos de 1918, filhos do cacique Ubajara, que foi pai de 34 filhos. Eles dois, Muçaperê e Herundy, receberam os nomes que significam respectivamente terceiro e quarto na língua nativa.

Em 1962, obtiveram sucesso mundial com a interpretação do clássico mexicano Maria Elena, que, durante 14 semanas, nos Estados Unidos, e 17, na Inglaterra, ficou entre os discos mais vendidos, indo à margem de 1,5 milhão de cópias. Chegaram a gravar 48 discos LP e chegaram aos 10 mais vendidos entre os sucessos norte-americanos daquela época.

Juntamente com a família, trazidos pelo tenente Hildebrando Moreira Lima, em 1933, viveram em Crato, no sul cearense, daí se deslocando pelos estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia durante três anos; auxiliados pelo então governador baiano chegariam ao Rio de Janeiro em 1937. No caminho, conheceram violeiros e cantadores das feiras nordestinas e adquiram uma viola velha, que principiaram sozinhos a dedilhar.

Na Capital Federal, seriam registrados como Antenor e Natalício Moreira Lima, uma alusão ao militar que lhes auxiliara. No ano de 1945, se apresentariam na Rádio Cruzeiro do Sul e logo seriam contratados da emissora. Viajariam pelo Brasil com bem sucedidas apresentações, enquanto buscavam aperfeiçoar o conhecimento musical e desenvolver o talento artístico. Iniciaram desse modo a carreira exitosa que os levaria, em 1957, a outros países latino-americanos, quais Argentina, Venezuela e México, até visitar os Estados Unidos, aonde regressariam em 1960 e galgariam as paradas de sucesso.

Estudavam com afinco tanto música erudita, quanto música popular. Natalício (Nato) se dedicou à técnica do solo; Antenor voltou-se à harmonia. Incluíram no repertório obras dos compositores reconhecidos, Bach, Albeniz, Villa Lobos, etc., que, somados aos clássicos do cancioneiro das Américas, lhes dotariam de fina habilidade e rigor instrumental. Ganhariam a mais justa fama e respeitabilidade entre os nomes principais da história musical brasileira, respeitáveis representantes que foram do que há de melhor entre seus grandes intérpretes.

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