sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Chega de ansiedade

Nas outras dependências criadas dos distintos criadores de mitos, os humanos também praticam o excesso de apego que lhes prega nas cruzes da face velha do Planeta, sem querer largar o osso e partir rumo de novas práticas do desconhecido Universo. Já são tantos aparelhos de fixação do homem ao solo das manias, que a indústria tecnológica trabalha mais do que todas as outras desse mundo artificial. Vemos não raro o movimento dos finais de expediente e pessoas apressadas de chegar em casa a fim de ver novelas, filmes gravados, responder e-mails, telefones, que isso tudo virou bicho de cria. Enquanto a mídia restringe notícias àquilo que retrata o maior apelo sensacional, as guerras, os desmandos públicos administrativos, as tragédias ecológicas, fracassos empresariais, epidemias, assassínios, extermínios, prisões, etc., porque gera divisas e inexiste espaço a temas construtivos. O alimento da raça ora se prende à desgraça alheia, sujeito chegar no terreiro de casa e inundar o panorama. Virou, mexeu, morre um ídolo, prato cheio das divulgações que preenchem o tampo das memórias e logo ficam atrás, na ânsia incontida dos repórteres caçar presas atuais nos campos da luta, nas encruzilhadas e destinos. Idos de 60 e tínhamos em Crato jogral que declamava poemas do Modernismo brasileiro. Vinícius de Morais. Cassiano Ricardo. Manoel Bandeira. Carlos Drummond de Andrade. Raul Bopp. Menotti del Picchia. Jáder de Carvalho. Dentre outros nomes da literatura nacional. A característica do grupo era texto de Bertolt Brecht: É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. Sem sol, sem sol, tem dó. Sem sol, sem sol, tem dó. A gente entrava cantando e declamando os versos do poeta alemão; só depois iniciava os poemas. Hoje lembro isso quando chego, nalgumas horas, a pensar que a gente ainda vive aquele mesmo tempo de guerra e sem sol. À busca de achar sentimento na experiência desgastada do povo, os equipamentos determinam seja assim. Rever os quadros nefastos e mudar as tintas, as telas, os meios de comunicação, o conteúdo dessas máquinas tão avançadas e que ainda servem de argumento do atraso dos habitantes da Terra. Mas nisso revejo os dizeres da multidão silenciosa, de nunca é tarde para um dia ser feliz.

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