sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sócrates

De 470 a 399 a.C., viveu o filósofo grego Sócrates, filho de Sofrônico, um escultor, e de Fenáreta, uma parteira. Tudo o que dele se conhece restou nos livros de Platão (Apologia de Sócrates e Fédon) e Xenofonte (Apologia de Sócrates e Feitos memoráveis de Sócrates).

Educador popular, andava pelos locais públicos, mercados e praças, a pregar suas ideias aos quantos quisessem ouvir. Casado com Xantipa, que lhe deu três filhos, pouco parava em casa. Prestou serviço militar nas campanhas de Potideia, Delos e Anfipólis. Estudou com afinco os mistérios da alma humana.

Por contar coisas ditas por vozes que só ele ouvia e atribuía a entes superiores (vozes interiores divinas), os maiorais da aristocracia acusaram-no de sacrílego (introduzir novos deuses), além de corromper a juventude e recusar culto aos deuses oficiais, expondo-se, por isso, ao célebre julgamento perante a magistratura formada de juízes do povo.

O rito processual de seu julgamento constou de duas fases. Na primeira, Sócrates viu-se condenado por 280 a 220 sufrágios. A lei facultava outra oportunidade ao réu. No segundo julgamento, porém, veredicto mais rigoroso selou o destino do filósofo sob o escore de 360 a 140, condenando-o à pena capital.

De alma tranquila, aguardou o dia da morte promovendo longos diálogos com os seus discípulos.  

No momento da execução por cicuta, veneno que os gregos adotavam para eliminar os condenados, recebeu de um escravo a taça derradeira:

– Depois de beber, ao caminhar, irás sentindo as pernas dormentes... Pesadas...

Mediante aquilo, com decisão, rápido levou a taça aos lábios e ingeriu-lhe o conteúdo.

Os discípulos silenciosos observavam a cena.

Sócrates ainda seguiu em suas conversas. Alguns presentes não dominaram o choro convulso. No que pesassem os esforços para minorar o sofrimento do mestre, lágrimas inundavam as faces. Soluços espasmódicos sacudiram a todos, quando Apolodoro caiu num pranto estridente e amargurado.

Calmo, Sócrates caminhava e apalpava ambas as pernas. Poucos instantes mais, ao sentar na cama, considerou:

– Quando chegar ao coração, será o fim – acrescentando: - Críton, eu devo um galo a Esculápio. Vais lembrar de pagar a dívida?

– A dívida será paga – disse Críton.

Logo após, desaparecia aquele considerado o sábio dos sábios, que um dia afirmara: – Só sei que nada sei.    

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