terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A noite de paz

Deixaram afazeres em Nazaré, na Galileia, para percorrer o longo caminho, que fizeram devagar, conquanto Maria se achasse em dias de ter menino e, por isso, não quiseram forçar a marcha pelos montes escarpados até Belém da Judeia. O imperador César Augusto havia decretado o recenseamento das populações em cada localidade de onde procediam. A eles coube rever o lugar de origem, na casa de David. 

Logo que chegaram, em meio a movimentação das pessoas pela pequena cidade, viram ser impossível achar repouso no lugar. José caminhou um tanto, à busca de sanar a dificuldade, porém retornou sem sucesso aonde deixara a esposa, na sombra de uma árvore fora de Belém. Decidiram que sairiam no contorno da cidade em busca do pernoite.  

Ao por do sol, encontraram estribaria modesta em sítio das proximidades, ponto ideal a passarem aquela noite. Assim que escureceu, o esforço da caminhada e as preocupações da jornada lhes conduziram fácil a sono solto, cientes aos cuidados que aguardavam o dia seguinte. 

Meia noite, porém, José despertou ouvindo o cantar festivo de um galo. Abriu os olhos. Forte odor de rosas, e claridade indescritível dominava a latada em que se instalaram. Próximo, a poucos passos do leito improvisado, avista sorrir linda criança de olhos abertos, envolto em panos e recostada numa manjedoura a servir de berço. Sublime silêncio de paz reinava em tudo. No céu, as estrelas pareciam multiplicadas em toda sua luminosidade. Brisa suave soprava os cabelos da doce mãe absorta visando o divino Filho em excelsa comunhão de amor.

Nas cercanias desse recanto abençoado, pastores da redondeza, lendo os sinais da Natureza perceberam que algo incomum se verificava. Surpresa maior! O anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles, e tiveram muito medo. Nessa hora, ouviram palavras que diziam da alegria de nascer o Salvador, Messias e Senhor nosso, e se dirigiram ao sítio onde localizaram José, Maria e o recém nascido. Foram eles os primeiros, depois da própria família, a receber tão auspiciosa notícia.

Cautelosos, vieram chegando e se puseram a adorar Jesus, rodeados pelos animais que ali pastoreavam, quais integrantes da cena maravilhosa. Nisso, permaneceriam toda madrugada, numa religiosa reverência à Luz superior que comungaram na simplicidade do campo.

Bem cedo pela manhã, os pastores saíram a divulgar nas circunvizinhanças a notícia da vinda do Menino, enquanto Maria conservava todas essas coisas, ponderando-as no seu coração.   

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