segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A vidente de Endor

Depois do sucesso de David contra Golias, no vale do Terebinto, quando, por isso, as forças de Israel tornaram a crescer na luta contra os filisteus, rei Saul viu nítida a liderança do humilde pastor junto ao povo, numa fase do abatimento do Rei e muitas contradições.

No início, o jovem, até então desconhecido, chegara trazendo bons presságios, todavia logo isso se reverteu na impressão do soberano, em ameaça flagrante pelas qualidades e frieza demonstradas contra o gigante a que ninguém dispusera enfrentar.

Igualmente, ainda que notasse as limitações de Saul para estabelecer pacto honroso com o inimigo e cessar de vez com a animosidades incoerente, David se mantinha à distância de pretensões políticas.

Saul, contudo, amargava as perdas da guerra e sentia o desamparo, motivo das anteriores desobediências que praticara, vítima da própria culpa. 

Naquele período, Israel ainda sofria a morte de Samuel, sepultado em Ramá. Saul expulsara do país os feiticeiros e adivinhos, e acumulara as tropas em Gelboé. Os filisteus acamparam em Sunão. 

Diante de tais acontecimentos, outros pesados confrontos esperam os judeus e Saul sentia medo. Nem sacerdotes, profetas ou sonhos respondiam suas preces. Nisso, em arrepio ao que determinara, resolveu consultar uma vidente na localidade de Endor, querendo a todo custo conhecer o que reservava o futuro.

E na companhia de dois servos, segundo o Primeiro Livro de Samuel, 28, 3-25, à noite, disfarçado, chegou à casa dessa vidente, em Endor.

Após jurar pelo Senhor que jamais a denunciaria, pediu que ela trouxesse à presença dele o espírito do próprio Samuel, recém desaparecido, que admirava e com quem queria conversar. 

Concentrada, a vidente se sentiu face a face com o antigo juiz dos judeus, figura ilustre que se manifestou, e ela se prostrou sobre a terra.

Estabeleceu-se grave diálogo, onde Samuel admoestava Saul por lhe perturbar o repouso, ao que ele justificava pela aflição fruto da guerra e do silêncio de Deus para consigo. Angustiado, pediu orientação, e ouviu estas palavras:

- Saul, ainda amanhã o Senhor entregará a ti e a teus filhos, junto do exército de Israel, nas mãos dos filisteus – diante daquilo, rei Saul concluiu que tudo estava perdido. Soube de antemão que morreria no fragor da batalha próxima. Tonto, desolado, exausto, caiu ao solo, pois jejuara dias seguidos querendo merecer a misericórdia de Deus pelos desatinos praticados.

Passado o transe, a médium se aproximou convidando-o a se alimentasse e refar as energias. Providenciou refeição de pães e carne, e os visitantes partiriam antes do amanhecer.

No dia posterior, no confronto de Gelboé, os filisteus perseguiriam de perto Saul e seus três filhos, Jônatas, Abinadab e Melquisua. Ferido de morte na luta, Saul pediria ao escudeiro que lhe terminasse os dias. Fiel, o guerreiro se negou fazê-lo, restando ao soberano promover, ele mesmo, o gesto definitivo.  

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