quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Rio de Contas

Idos de 1977, primeiros meses, inverno baiano no Sertão. Depois de assistir o I Festival de Mar Grande, na Ilha de Itaparica, seguimos pela BR101 com destino a Vitória da Conquista e logo antes de entramos no perímetro urbano dobramos à direita, numa estrada de terra, na direção de Brumado, Chapada da Diamantina, na Bahia. Iríamos fazer meu primeiro curta-metragem, São Gonçalo da Canabrava, custeado por Boanarges Castro, colega de banco e músico, a propósito de festa anual que acontecia em povoado próximo à Serra da Mangabeira, no oeste do Estado. Ele e alguns amigos daquela região mantinham a tradição de todo ano comparecer à festa, alguns deles músicos, e que tocavam na procissão do Santo. Eu segui nessa jornada no sentido de registrar o evento daquele ano. 

A família de Boanerges residia em Livramento de Nossa Senhora, cidade perto de São Gonçalo, lugar também de serra, ameno e tradicional, que existia em volta da igreja e da praça principal. Ali permanecemos três ou quatro dias, incluída a data das filmagens. Usava o super-8, bitola adotada pelos novos cineastas, na ocasião.

Enquanto isso, subiríamos ainda mais a Chapada, indo conhecer Rio de Contas, uma povoação típica do Ciclo do Ouro no Brasil, cidadezinha de casas interligadas, no estilo colonial. Invés da estrada principal, seguimos através do leito de um riacho de águas cristalinas, que corria nas encostas desde a povoação. Quão belas paisagens apreciamos na caminhada, algo em torno de oito a dez quilômetros. 

Lá em cima, desfrutamos do bucolismo do lugar parecido haver parado no tempo. Visão de sonhos, dos poucos momentos passados algo permaneceu semelhante às melhores lembranças desta vida.

Desceríamos pela estrada principal, onde transitavam animais e raros automóveis, porém facilmente percorrida a pé, livre dos obstáculos da subida, porém longe da pureza da estrada d´água que usáramos na ida.

Dia seguinte e utilizamos por transporte um carro de boi que nos levou a São Gonçalo da Canabrava, data desse padroeiro, quando concretizamos nosso projeto de alguns minutos de gravações, do qual nem cópia hoje tenho. Há muito não recebo notícias desse meu amigo, que ficou com a película original. 

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