Ninguém se torna iluminado por imagina figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão. Carl Jung
Nós por nós mesmos. A epopeia crucial das existências. Mergulho vulcânico na sombra do desconhecido que o somos. Tudo, enfim o que resumirá a ânsia intempestiva de viver e conhecer a si mesmo. A soma de todos os fatores que compõem esse quadro dos dias e acontecimentos, e nos conduzirá às raízes do mistério da existência. Nisto, tangidos pelo desejo de identificar a razão das horas em nossos passos, abrimos comportas à Consciência através da sede infinita de compreender o motivo de termos vindo e de possuir a vontade voraz de clarear os céus à nossa frente.
Após o impacto de aceitar os limites das vidas, iniciamos a
busca angustiada do senso absoluto, companheiro constante dos dramas desta hora.
Assistimos o transcorrer das presenças que se desfazem aos nossos pés e,
apáticos, fugimos de nós quais cativos da ilusão em movimento. Quantas vezes, e
deixamos ao relento a possibilidade, talvez, de aceitar que assim seja, que
somos folhas ao vento a percorrer o espaço também enigmático da História. Contudo,
nisso impera o segredo essencial da imortalidade dentro da própria matéria ora em
decomposição. Cabe-nos, tão só, substituir as vestimentas da alma e transcender
a fragilidade insaciável dos sonhos.
Quiséssemos resumir o roteiro dessa viagem, quedar-nos-íamos
ao abismo sem fim, feitos seres de um poder sem conta. De tal modo, unidos em
nosso ente primoroso pelos ritos e celebrações inesgotáveis, seremos coautores
das maravilhas e dos sóis de todo tempo. Numa jornada individual, nos faremos o
sentido que tantos preveem, intuição que fala persistente ao sentimento dessa
luz que brilha nas trevas. Momento sublime, haverá, então, a salvação do puro desaparecimento das passadas gerações.
(Ilustração: Alegoria da luxúria, de Hieronymus Bosch).
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