O que fazem dela em novas versões?! Todos têm a sua própria, que nem sempre coincidem. São frutos de extrema necessidade que afirmam de só estarem vivos, vagando pela face do Planeta. Assim, as mídias, os versos e as miragens. Criaturas fantasmagóricas que andam soltas pelos ares desse tempo tão aberto às horas, que dele ninguém mais pergunta do senso e do que seja talvez nalguma ocasião. Sei que há mil amores, há consumo, festas, viagens, permissões e limites à toa no passar dos firmamentos. A realidade individual que se repete nas calçadas e nos alpendres. Chega e some à medida dos desejos de forças abstratas que a determinam e utilizam dela ao sabor das pretensões.
De longe é de admirar o que antes foi nos tempos das
caravelas, tudo longe, de meses depois quando navios buscavam os portos e
descarregam suas especiarias. Agora existe um clamor de verdade nas longas
histórias imediatas que são contadas, largadas nesse mundo afora, numa espécie
de roteiro fabricado com antecedência nos gabinetes, a fim de suprir as
urgentes determinações. Meio parecido com roupas que vestem e despem, deixadas
ao relento de novas aventuras que sejam melhores e convenientes.
Nisso, a fome de verdade campeia nos ares à medida em que outras
urgências interponham outras atitudes, e as multidões vão acima e abaixo, tais
barcos em mares convulsos.
Nada melhor, no entanto, do que ensinam as escolas místicas,
de buscar dentro de si a essência do que seja a todo momento, na hora presente,
o mistério entre o que passou e o que há de vir, isto nas malhas das consciências
individuais, matrizes da longa jornada que virá logo então. Enquanto de fora os
dias acontecem e deixam as marcas profundas da impossibilidade face aos
destinos em jogo forjado pelos pequenos grupos dominantes, nas dobras das
criaturas, lá no íntimo da compreensão, onde habitam séculos de procura em forma de
resposta que chega ao instante certo na plenitude e na Paz.
(Ilustração: O desenho extraviado, de Hieronymus Bosch).
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