... enquanto nos portais um garoto mendigo devora o bolor de esmolas e ri sem saber o motivo. Fernando Namora
Essas histórias antigas que se repetem até o fastio, de pessoas que querem o poder e dominam pela fome de paz uma humanidade bizarra. Eles, nós, espalhados nesse mundo atônito. Armas em profusão. Desejos ardentes de camas e colchões amarfanhados. Ares de reis que padecem de refluxo e seguem a devorar as próprias entranhas espalhadas nos campos de batalha à espera da Justiça Maior que tudo mantém diante do Eterno e sustentará o resultado na balança do Destino. Multidões esquálidas lançadas aos campos febris a desconhecer completamente a que lançam bombas e foguetes incendiários apenas em gestos famintos de nada ou coisa alguma achar logo em seguida. Só sabem das notícias parciais desse drama das almas em fúria. Mar de chamas que desfaz o senso e a fome de tantos.
Isso de querer que assim não fosse, todavia ninguém sabe o
porquê de ser qual seja. Ausência de luz e compreensão. De todos e de tão
poucos. Horas escuras. Fantasmas de destruição e quantidade. As palavras que significam
perdas, dores, amarguras. Bem isso, a face pálida das feras devoradoras espalhadas
nas sombras amortecidas.
Querer contar outras versões desse tempo, na acidez dos
ventos contrários. A gente busca dentro das fábulas alguma que fale de outros
afazeres, porém que fogem feitos algozes enfurecidos.
E deixar aqui uma mensagem de esperança, paz,
fraternidade... Quase que imaginar houvesse de ter acontecido como escrito nos
textos sagrados das religiões. Os sonhos interpretados de faraós e soberanos
que desmancham o andar das gerações. Admitir, pois, dias melhores que vêm
naturalmente fora de outras cogitações. Com isso, acalmar a consciência e
deixar correr o barco, mesmo porque outro jeito não existe a ser levado em
conta nesta hora esquisita...
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