Existem das mais diversas motivações de querer tocar adiante o sentido das palavras, nisto dizer do que nos passa pelos sentidos de dentro dos pensamentos, de onde vêm os textos. Uma vontade forte de preservar os momentos, de sustentar a intenção das horas boas enquanto nos vemos a observar os passos da natureza em volta. Contar a cadência do coração. O sentimento que nutre a alegria de ter saúde, ter paz, oportunidades de avaliar os detalhes das paisagens, o movimento dos bichos, do vento nas árvores, cada tempo, toda sequência dos acontecimentos.
Algo fala da existência da gente no seio do Universo. As
lembranças, o brilho dos astros, o significado das notícias, os livros, as
tantas fases do que se viveu; os lugares, milhões de ocasiões perenizadas pelo
testemunho donde vivemos e das pessoas ao nosso lado. Objetos e visões,
presenças, vagas recordações, pelejas, um chão imenso de vivências aos nossos dispor,
que não retornarão, no entanto que nos seguem acesas no instante
atual.
Creio ser diferente de pessoa a pessoa, de uns gostarem de
viajar, plantar, jogar; outros, porém, escolhem mexer com palavras, enredos,
fantasias... Um penhor de criações motiva, pois, os variados desejos de
sustentar o itinerário constante das quantas histórias às quais reservamos
arquivos próprios na alma e os partilhamos nas fases dessas luas da
consciência. Nos tempos presentes, quando a comunicação virou rotina por meio
dos celulares, uns computadores de bolso e conquista valiosa da raça humana,
então bem mais intensas as versões do que cabe tocar adiante.
Lá antes eram as cartas, os livros, as peças teatrais;
depois, vieram os filmes, jornais, revistas, discos, televisão, rádio, uma
febre do que ter o que dizer a toda hora. Já nos dias de hoje, a imaginação
domina o instinto de comunicar ao ponto da constante comunicação. Eis, contudo,
um espaço franco a quem quer que seja e instrumento apreciável de novos sonhos
e melhores resultados coletivos.
(Ilustração: Vladimir Kush).
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