Isso daqui, em um plano quase perfeito, porém cercado das atitudes só parciais de um tempo em movimento que nunca cessa em fugir, inconstante e mordaz. Quase tudo tão perfeito, não fossem os porém das existências imprecisas do caudal das memórias. Seres que avançam uns contra si mesmos, nas providências impacientes de encontrar a porta das noites escuras da mente. Seres, visagens de outras ocasiões que se perderam na busca dos Céus. Bem isto daqui neste momento, diante das tantas armas que fabricam e nem sabem aonde esconder que não disparem e nunca destruam uns aos outros na fome de poder que os alimenta de ansiedade e desespero.
Ossos largados ao tempo e a mesma angústia de destruição
desde sempre. Olhos postos no tabuleiro das ganâncias, fixam fronteiras nos
pontos mais distantes da paz. Ao que deixam transparecer, de longe não sabem
que a arquitetura da História pode gerar num instante a ausência de muitas
vidas, e tudo ir pelos ares.
De futuro, numa espécie de deserto que existirá em meio às
existências, segue imensa a caravana dos seres esquecidos pela Eternidade.
Apenas arrastam o silêncio dos elementos, farnéis de abandonos que os deixam largados
entre dias e noites, quais meros mortais instrumentos da ilusão enfurecida. Contemplam
sonhos sucessivos de pouca duração. Lábios presos na ânsia, vislumbram oásis de
miragens que vêm e vão na medida desses espasmos de dores e desejos que produzem.
Há, contudo, a realidade guardada bem no íntimo das
criaturas, alimento dos deuses que deixa perfume pelas dobras dos caminhos nas verdades vistas num além lá mais distante. Sonham com esperança, nutrem a
vontade do infinito amor e insistem viver a certeza de tais possibilidades, o
que lhes salvará do puro desaparecimento. Em algum lugar do Destino reside,
pois, a tal condição de felicidade trazida nesses momentos de cura que
significam a vida e o viver.
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