quarta-feira, 16 de agosto de 2023

As cores do Universo


O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel
. Platão

Na ânsia incontida que cresce à medida voraz das horas inevitáveis, seres correm de si na busca de outro tempo que seja eterno. Vagam soltos pelos ares, formas que se fragmentam contra as paredes do impossível. Seres assim dispersos numa selva de variedades, que vacilam ao entrar nos corredores entre pensamentos e sentimentos, ora felizes, que possam vencer a sorte do inesperado. Quantos sonhos em movimento nessas criaturas acossadas pelo Destino. Houvesse meios que não esses e seriam valentes os animais da humana sobrevivência.

Bem isto, cartões de máquinas invisíveis que os trituram feitos imagens urgentes de dores e meras cicatrizes. Um a um, passageiros da existência; chegam e somem na face dos instantes. Porém que persistem e têm suas histórias do que viram e viveram nas fagulhas e rispidez do espaço. Entes em forma de interrogação. Objetos que agem e esperam de onde, que não sabe, mas imaginam qual a forma real de um dia ser em definitivo. Eles, os filhos dos astros a circular os mesmos céus.  

Ouvem sons intermitentes da brisa pela floresta; perscrutam tais estrangeiros de mundos distantes, olhos postos nas noites dos corpos que transpiram e alimentam desejos e expectativas. Imagens diversas a vadiar pelas esquinas do firmamento. Enquanto isso, o tempo que esvai dos mesmos braços que o quisessem guardar na eternidade do coração. Lentos, ávidos, solitários, deslizam no presente e desaparecem de nunca mais saber do que gostaria que assim não fosse.

Daí essa vontade insistente a corroer neles as amarras do Infinito e querer a todo custo avistar os sinais da Salvação, desvendar os mistérios da ausência que se lhes esvai e preenche de sede o indivíduo que nós somos, filhos do Tempo e da Verdade absoluta que dorme bem aqui dentro da gente.

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