Às suas margens, seguem os acontecimentos convertidos em saudade. A gente ali de olhos lavados na paisagem, a contemplar o fluir dos dias, seus filmes, suas músicas, as amizades, os livros, as viagens, os sonhos... Quais monges silenciosos, deitamos ao longe os sentimentos e as lembranças que ora banham nossos pés. Nítidas visões de antes, que permanecem vivas e intensas, sacodem as margens de nós mesmos e trazem de volta, intactos, os momentos em que vivenciamos tantas histórias e contemplamos tantas luas a iluminar as noites mais intensas da existência. Pessoas que insistem andar aqui de junto, visões do Paraíso onde habitamos de almas alimentadas de desejos e vontade que nunca sumissem... E agora descem pela correnteza de nossos pensamentos e contemplações. Há previsões soltas pelos livros de que existem os registros acásicos, imorredouras histórias que jamais deixarão de existir nalgum lugar do Infinito. Guardados sob o poder da Natureza eterna, os lapsos continuaram para sempre, passíveis de ser experienciados, revividos a qualquer hora; deles somos partes integrantes, a consultar essas estantes imorredouras.
Nisso, fixamos o foco da compreensão e assuntamos tantas
vezes as horas felizes, divisamos doutras vezes o brilho das situações alegres,
espectadores do Destino, aprendizes da Felicidade. Quanto de bom aqui dispomos
logo hoje, a desfrutar dos enlevos conquistados nesta vida, senhores da certeza
ao conduzir nossas escolhas pelos melhores caminhos. O amor nasce do
merecimento que conquistarmos. Reunimos, pois, passo a passo os fragmentos desse
tempo em nosso coração e elaboramos o pouso de nossas esperanças de obter a Paz.
Conquanto sejamos filhos da imensa Perfeição, trazemos de origem a condição de
concretizar a luz da imortalidade. Assim, enquanto presenciamos o caudal dessas
luzes que percorrem nossas vistas, à margem deste rio da Eternidade, guardemos
conosco a plena liberdade com que certo dia construímos dias de bênçãos e harmonia
na trilha de que somos agora personagens e testemunhas.
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