Num tempo quando não havia televisão, internet, celular, se é que acreditem hoje que houve esse tempo, eram os circos que prevaleciam. De empanadas coloridas, viviam de cidade em cidade. Tinham palhaços, trapézio, animais ferozes meio domesticados, orquestra e, no final da função, uma peça de teatro, isso tarde da noite, quando os espectadores já começavam a sair. Era uma festa só. Cheguei a conhecer alguns desses circos famosos. Ficavam montados em um terreno baldio lá defronte da estação ferroviária. Enchia os olhos, inclusive durante os dias, quando íamos conhecer os atores e os bichos na preparação do espetáculo noturno.
Bom, mas quero mesmo é contar uma história engraçada, do
anedotário popular, em relação a um dono de circo que precisou de umas onças a
ser usadas nos seus espetáculos e buscou a primeira floresta, onde lhe disseram
haver o tal felino. Lá encontrou um caçador conhecido pela habilidade em capturar
onça e encomendou a captura das feras, conhecidas daquelas imediações.
Acertaram os custos e foram juntos ao meio da floresta. O
caçador se embrenharia na mata e o proprietário do circo e seus assessores
permaneceriam numa pequena choupana vazia em que se arrancharam, à espera das
providências do caçador.
Este, no faro que possuía, logo acho a primeira das feras.
Cerca daqui, cerca dali, e foi perdendo a oportunidade mais exata de
aprisioná-la. E qual o quê, a onça partiu na direção do profissional, querendo
levar a melhor. Ele, na iminência de perder o feito, arrancou às pressas na
direção do casebre onde os outros ficaram. Pega daqui, pega dali, até que
chegou na casa e avistou uma das janelas aberta. Num salto monumental, quase cai
em cima do tabuleiro de dama em que eles jogavam, isto seguido de porto pela
onça voraz. Dai, foi logo gritado:
- Segurem essa que eu vou buscar as outras, - e, no mesmo, saiu
às pressas pela porta da frente que tinham deixado aberta.
Ilustração: Circos antigos (https://marcozero.org/fotografo-da-mz-expoe-fotos-do-universo-do-circo-no-recife-antigo/).
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