segunda-feira, 1 de novembro de 2021

As tantas versões da História


De valor apenas relativo, todos têm seu jeito de ler os acontecimentos. São muitos os fatores que determinam as escolhas do que contar a propósito dos gestos e das atividades humanas. Nisso, compete aos indivíduos escolher a prioridade do que pretendem contar. O que leva a esses entendimentos fica por conta dos afetos de seus dedicados autores. Há sempre um modo próprio de puxar a si o que melhor lhe interessa. Desde sempre vem sendo tal e qual. Quem conta um conto aumenta um ponto, eis o que bem avisa o linguajar do povo. Todos nós, sem exceção, apresentam só retratos de uma realidade própria, até eliminar quaisquer alternativas de trazer de volta o que, na verdade, acontecera, por ainda absoluta limitação.

A fidelidade, pois, deixa de ser passível nas narrativas históricas. Ninguém que seja sustenta a noção definitiva daquilo que testemunha, porquanto a subjetividade reescreve à sua maneira o que quer que aborde, deixando de lado a objetividade, isto involuntariamente. Inclusive não sem nenhuma intenção clara, consciente.

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Entre ser assim e o nada ser, a magna História vira mera ficção nos laboratórios das visões pessoais. Bom, que seja então literatura, vá lá. Porém longe por demais de uma versão real e consistente, conquanto a cada um conforme a sua forma de notar as decorrências deste Chão. São verdades parciais à busca da Verdade plena.

Vem sendo destarte há quanto, desde aquele primeiro instante quando a imaginação resolveu descrever o que a mente assistia dentro das restrições da matéria.

Em resumo, a ciência da História é uma ciência experimental por mais do empenho dos muitos que a executam no transcorrer das gerações; uma história parcial do desejo de lá um dia chegar à realização, outra vez, da forma original. Passeios sucessivos a descrevem no tablado das ações e dos credos pessoais, e narram histórias cenográficas aos séculos que as escorrem na crosta do Infinito.

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