segunda-feira, 15 de março de 2021

O mistério da Fé II


Quando encontra, quem não sabe o que é, nem sabe que encontrou o quê. De tal modo são os valores espirituais. Entes de outro universo, eis que haveremos de procurar até encontrar a razão de estarmos aqui. Lembro a cena do filme 2001, Uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick, no momento em que os macacos avistam um monólito (lápide polida) e ficam abismados, pois desconhecem completamente aquela pedra diferente das outras. Naquele instante, a película funde a cena de um osso atirado ao espaço pelos macacos, com uma nave sideral, isto logo no início da história. A dedução faz compreender a revolução que dali se verificaria, milênios à frente, nas ciências, o homem largando seus tempos de viver antigos aos níveis tecnológicos desta atualidade que agora conhecemos.

A revolução da Fé tem seu correspondente na história das criaturas humanas. O avanço milenar do ser materialista ferrenho em outro, de origens transcendentais, contudo vindo de dentro do próprio ser, a dominar os dois hemisférios e a natureza que transporta nas existências. Um mistério, porém, fruto da consciência em movimento; revela a potencialidade que transportava sem mesmo ora conhecer. De tanto tatear pelos corredores da dúvida e da dor, desperta no enigma do Ser e impõe possibilidades novas em tudo por tudo. Nesse esforço de dominar a fera dos desassossegos, certa feita desvenda o senso da virtude e acorda à realidade.

Isto requer vidas de largas experiências, a chegar ao desapego no que estivera escravo nos milênios de incontáveis dúvidas. No empenho dessa busca incessante que lhe caracteriza, toda criatura sonda a essência de si, transportando fardos de apegos, detido ao imediatismo em decomposição. No entanto, a exigência desse encontro de solidão incomparável será propício pela harmonia da inteligência com o sentimento, algo nítido de genialidade e amor pleno. Quais desbravadores da floresta do eu, tateiam passo a passo nos mistérios onde vivem, predestinados que estão às luzes da Verdade nas malhas do Universo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário