sábado, 13 de março de 2021

Idas e vindas


Pensar é assim, movimento de seres exóticos a percorrer os corredores de si mesmo, por vezes na escuridão de horas infindas; noutras, apenas pedaços de corpos que se desfazem nas dobras desse lugar silencioso. Uma pátria enorme de alternativas no pensar, porém às vezes sem qualquer finalidade, tão só apelos a novas possibilidades, que também somem apressadas diante dos eternos segredos do Tempo.

Nesse frisson de tantas luzes que apagam e acendem a todo minuto, os pensamentos invadem o território da imensidão cobertos de lâminas metálicas aquecidas pelos sóis de cada manhã. Vagas soltas pelo ar, aqui avançam passo a passo nas palavras, que nada mais serão que novas sementes na forma de pensamentos que chegam a outras criaturas humanas. Apenas isto, desejos informes de revelar aquilo que jamais será conhecido a não ser que germine aonde vai. Hálito forte de visões adormecidas que sobem ao deserto dessas horas e refazem as probabilidades que desaparecem nas brumas do vento. Quantos sons diluídos, pois, no instante, e que dormem no eito dos inanimados, quais serão nada logo ali no abismo do Infinito.

E perguntar pelos sonhos, as histórias adormecidas que despertaram a meio da noite e embalam almas de memórias insistentes, esquecidas falas de um mundo que vive dentro da gente e que dele quase nada conhecemos além de saber que existe. Toca o espaço dos pensamentos e diz desse universo assombrado das cavernas escondidas, no íntimo da natureza, enigmas necessários a todo o momento, rescaldos e respostas da humana Consciência em gestação.

Enquanto isso, acontecem os refolhos do indivíduo; alguém mexe consigo mesmo em face da busca incessante de fugir do encantamento que a tudo envolve. Reviram as páginas do instinto feito de palavras que renascem debaixo dos pensamentos e percorrem as veias dos sentimentos; olham extasiados os clarões de luas, elas que falam de certezas próximas e deslizam suavemente pelas fibras do coração, formam lagos de esperança e paz, e desmancham os apegos do chão no Amor à liberdade. 


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