sexta-feira, 5 de março de 2021

A vontade do pensamento de ser o autor da Criação


Se possível fosse, criaria, quem saber?, mas no passado, outro reino, porquanto essa é a sua matéria prima, o passado cheio dos elementos deste chão em movimento. Andar no sentido inverso dos acontecimentos, assim que anda o pensamento; claro que mecanismo necessário e poderoso, tanto que domina o mundo material, sem, contudo, dominar o mundo espiritual, sendo este o mundo em que, talvez, permanecerá, quando tudo ficar no passado distante. Mesmo de tal modo, esforço ele faz de cumprir a sua vontade extrema de ser o autor da Criação, e nos arrostar consigo de encontro às estradas fora de rumo a que chegamos, deixando atrás, no caminhar dos séculos, as experiências carnais. Lanterna que clareia, pois, atrás, porquanto precisou adquirir conhecer dos dias e, nisso, querer imitar o tempo, o pensamento usufrui das cadeias da ilusão e, de dentro das pessoas, imita longe o rio que significa o definitivo constante.

Bom, isso de vivermos a fluência das circunstâncias, dotados da vontade ainda postiça do pensamento, que também somos nós, existimos juntos dele, o que representa o transcorrer das vidas humanas neste plano. Num esforço inglório de controlar o incontrolável, o pensamento rompe os tempos, luta funesta de querer ser o autor da Criação. Milênios a fio, ele deslizará pelas encostas das civilizações, impondo valores limitados e colhendo decepções, porém deixando sempre à margem a responsabilidade em querer construir, nas nuvens que vagam, o que exige rochedos de realidade a fim de alçar voos de plenitude.

Igualmente, há nisto o fruto do aprendizado, raiz de encontrar a porta da revelação, dos segredos do Universo que carregam no âmago os seres humanos, até perderem, de uma vez por todas, o desejo insano de impor suas inquietudes diante das funções originais. O campo de provas somos nós, sim, em nossa essência de existir. Conhecer detalhes do funcionamento desse mecanismo que transportamos vem acalmar a angústia de viver e, com isto, permitir uma nova consciência de que precisamos, no objetivo de adquirir a ciência e desvendar os mistérios dessa floresta escura onde agora traçamos nosso destino.


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