Mas bem isto, essa espécie de criaturas bizarras vagando pelas sombras das próprias apreensões, antagonistas de si mesmos em atividade incessante; peças de quebra-cabeças desencontrados, sublimes. Riem por dentro; choram por fora; exercem papéis duplos, estruturas metálicas feitas de autores fantásticos, marcas largadas aos campos de batalha e que festejam a paz quase nunca duradoura. Eles, animais de sorte incerta, que jogam ao mar da vida pequenos botes que se desfazem num segundo e nas visões esquecidas na praia. Seres, antes de tudo, seres.
Houvesse alternativas de construir outras arcas da aliança, lançar-se-iam aos céus em naves silenciosas, à procura das almas dos que se foram no alvorecer, escafandristas do tempo traduzidos nessas lâminas de imagens feitas nas oficinas do mistério. Vagariam soltos pelo espaço dos dias, olhos postos em vencer apegos e egoísmos, entretanto máquinas de possessividade a todo preço. São isto os habitantes da solidão que balbuciam e suspiram ansiedades face ao inesperado que os envolve.
Menos que tudo, pequenas fagulhas deste Todo grandioso que os domina e experimenta, passo a passo, tais calçados de oficina improvisada nas barras do Infinito. E buscar a essência desse conhecimento significaria tais possibilidades, instrumentos que somos de paciência em elaboração, a trabalhar a força da humildade nos rios do coração.
(Ilustração: A palavra, de Hieronymus Bosch).
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