segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Harmonia do Universo


Isto de reagir face às situações, sejam elas quais sejam, fica por conta só do indivíduo. Já o agir, por sua vez, este vem limitado a circunstâncias. Por mais que não desejemos, vivemos o exercício de restrições iniciais durante todo tempo. Nascemos previstos ao espaço e ao tempo, temperatura, pressão, dotados de especificações diversas; raça, nacionalidade, gênero, etc.; e em determinado grupo social. Porém, há que aceitar, devido normas de consciência, pôr em prática esse protótipo do que somos dotados. Temos de entrar em cena e existir pela determinação de ser.

Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado a ser livre, no entanto. O conceito sartreano de liberdade deduz que o ser humano constrói sua essência e sua salvação. Assim, mesmo restrito ao ato de agir diante das determinações originais, lhe cabe agora reagir ao universo existencial que o compõe. Aparentemente simples tal conceito, o que, contudo, requer valores da consciência de viver perante a presença inevitável da liberdade. Isto seja a capacidade humana de reagir, e formular o modo essencial de ver e viver o mundo.

Por isso, livres o somos. O que fazer da liberdade, eis o sentido último de existir. Qual veja o mundo na sua ótica. Quais as minhas escolhas de exercitar viver. Até onde possuo força suficiente a reagir diante das circunstâncias e qualificar a minha liberdade indeclinável?

Partes deste universo em que existimos, resta aos indivíduos a função de harmonizar consciência e circunstâncias; plenificar a liberdade; e desvendar o mistério de todo caminho que caminhar, instrumentos do próprio despertar rumo à finalidade do destino.

Detemos com isto a perspectiva de transformar nossas primeiras condições e qualificar a sociedade, porquanto significamos as veias determinantes dos acontecimentos. Disso haveremos de ser avaliados no decorrer dos momentos eternos, segundo as religiões, e jamais seremos partes isoladas do grande todo da Natureza, razão de tudo aquilo que viemos encontrar, a nossa chance de sermos livres com a responsabilidade pela existência.

(Ilustração: A liberdade guiando o povo, de Eugène Delacroix).

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