Desde sempre que vem sendo assim, de querer além de tudo permanecer intacto o espaço entre os dois pontos, aqui e o que virá em seguida sem sombra de dúvidas. Isto é, a iniciativa humana de liberdade dá sequência interminável ao passado e mesmo então se desfaz no correr das circunstâncias. E nem por isso haverá desistência, jamais. O impulso de salvação desse estado de constante desaparecimento ao final, transcorridos séculos de busca, triunfará na satisfação de revelar a si mesmo nalgum lugar.
A vontade, instrumento de continuar os dias, sustenta, pois, o senso das agruras de vencer o tempo e ganhar a doce Eternidade qual prêmio, após o embate de nós com nós mesmos, ausências de certeza, no entanto. Heróis dos sonhos, guerreiros invadem o palco do momento e permanecem de olhos fixos no firmamento lá distante. Nutrem a firme certeza que consigo será diferente do que sempre antes. Sustentam o instinto implacável da sobrevivência e manejam com qualidade armas de combate. Ninguém nunca viverá de tudo quando as determinações fixaram o prazo das expectativas.
Conquanto em sendo de tal modo, no entanto, a arte é inevitável, sustenta o embate do inútil e do desaparecimento, cruel epopeia das horas. Almas gritam carinho, esperança, amor, sóis e luas de enlevos, saudades mil e céus de felicidade, por milênios afora. Na beleza desse universo ensimesmado, tangemos o carrossel das verdades provisórias que carregamos no peito. E sorrimos, e cantamos, e vivemos.
A constância desse itinerário de tantos nos deixa extáticos, luzes na imensidão que iluminam a História. Costumamos alimentar o barco dos desaparecimentos num ritual de sacerdotes e religiões secretas, guardadas no coração das pessoas. Nesse ritmo das existências, muito mais que meros atores da contemplação dos finais inevitáveis, agimos e damos voz ao silêncio adormecido dentro do presente, e que some ligeiro nas asas frágeis do futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário