quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Cartas de uma aldeia global


Era a década de 70 do século passado quando Marshall Mcluhan, estudioso canadense, escreveria a respeito da Aldeia Global em suas pesquisas a propósito dos meios de comunicação de massa que invadiam o mundo. Nos embates da Guerra do Vietnam, por exemplo, enquanto os jovens americanos lutavam nos campos da Ásia, a defender os interesses dos grupos dominantes do seu país, quase instantaneamente os familiares deles assistiam as cenas brutais pela televisão, por vezes ao vivo. Isso que apressaria, inclusive, o final do trágico conflito, por conta da influência na opinião pública deveras abalada com tanta atrocidade.

Depois os tempos foram passando e cada dia mais a influência dos meios de massa estreita as distâncias entre os povos e as pessoas. Nada acontece antes que não venha ao conhecimento de todos, nas versões manipuladas pelos veículos, sobremodo nesta atualidade, diante da internet e dos celulares, hoje instrumentos obrigatórios. A comunicação instantânea ganhou o status de primeira necessidade. 

Ainda que haja intenção de passar em branco os momentos, somos escravos, pois, dessas maquinetas contemporâneas. Vale mais um comentário do que o próprio acontecimento. Grupos de poder detêm a força das opiniões a partir da opinião que se estabelecer e propagar. Jamais, tal agora, o silêncio deixou de ser a alma do negócio. Resultado, no fringir das informações que circulem sempre vem embutido dominar as massas humanas.

Ignorar passou a ser risco de súbito desaparecimento individual. Ninguém quer mostrar a cara a não ser na pretensão de controlar o outro, pois um mundo secreto já domina o antigo mundo das aparências. Senhores de baraço e cutelo desta fase da História, são eminências pardas dos governos espalhados no Planeta. Daí as tantas versões que circulam soltas e sem dono. Claro que os instrumentos de punição a essa farra deslavada nem de longe possuem força de coibir tantos abusos.

Porém há que continuar existindo a Civilização, sendo agora o desafio supremo dessas indagações. A isto existem inteligência e criatividade desde que no sentido da evolução, de ver pelos olhos do otimismo o que passa a significar a principal atitude na busca dos dias melhores.

(Ilustração: Soldados jogando cartas, de Fernand Léger).

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