quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Escravos da ilusão


Aqueles que deixam de lado as chances várias da libertação... Agarrados às amarras dos sonhos perdidos, aceitam de inopino garras acesas nos braços estreitos do destino ingrato. Deixam cair a guarda e jogam tudo na roleta do inútil, longe das malhas e das possibilidades sadias. São muitos esses zumbis inocentes, vendidos nos mercados do Chão. Vagam soltos nos porões dos navios do desespero... Olham as alimárias tangidas pelo desertos feitos de hostilidade a céu aberto, repastos de abutres vigilantes aos derradeiros raios do sol, naqueles lugares distantes de qualquer vontade, porquanto abandonaram o desejo sadio de si mesmos ao léu da própria solidão. 

Noites a fio, deixam que os dias fossem carcomidos pelas drogas, corrupção, velhacarias outras, quais nunca soubessem aonde ir diante das feras que os devoravam vivos todo tempo, no escuro das estradas da morte. Vítimas das próprias escolhas, atiram aos precipícios o pouco que transportavam na matéria de que são feitos e largados fora, quais infiéis depositários. 

Instrumentos, pois, da madrasta feiticeira, viram contradição neste mundo temporal, enquanto só admitem o prazer, tal razão fundamental do que estejam aqui a correr da felicidade ansiada de tantos. No cerne dessa questão humana, vivem a incerteza e as contradições da história de injustos e insanos a usufruir da sorte, e aceitam perder o jogo, em face dos limites da compreensão que carregam consigo. Fogem dos atos numa espécie de suicídio, na destruição da saúde, na ausência da esperança e no abandono aos carrascos da estupidez destruidora.

Somam continuados fulgores da carne ao apagar contínuo do aparente, quando, na verdade, apenas semeiam a cobrança da Natureza aos abusos que cometem toda hora. Que outra explicação de tudo isto senão a aceitação da reencarnação, na oportunidade de regressar um dia e refazer o percurso daquilo que falharam. Símbolos soberanos de uma justiça real, haverão que substituir as atitudes equivocadas de antes pelas novas oportunidades nos mesmos solos dos velhos argumentos. Abraço de Paz aos peregrinos que somos nós e nossas histórias. 

 (Ilustração: A queda de Ícaro, de Merry-Joseph Blonde).

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