Insisto nisso que ouvi tantas vezes, li tantas vezes, de que as escolas místicas orientais querem primeiro que silenciemos o pensamento. Só e depois, bem depois, imaginam fazer outras ações que correspondam à busca da real consciência. Isso mexe comigo, porquanto por mais que queira silenciar o tal pensamento, ainda não obtive êxito. Corro de um lado a outro e lá me encontro, de novo, com a intenção constante de controlar os acontecimentos através dos pensamentos e nada de concreto naquele mundo abstrato.
Se sejam religiões, ciências, literatura, providências sociais, ali paira o senso de pensar e juntar palavras, argumentos, elocubrações. Planejar que seja o mínimo, as palavras vêm à tona na maior naturalidade, qual que fossem eu invés de antes serem elas, que liberdade não têm mais invadem o meu território mental e sustentam teses e norteiam histórias mil que nem são minhas. Parar de pensar hoje equivale ao sonho de controlar o juízo, porquanto à medida que penso chegam lembranças; nelas os tempos que ficaram atrás, e as pessoas, e as emoções, e as frustrações...
Quando lembro os momentos ruins, afloram arrependimentos, contrariedades, más querenças, tristezas, vergonhas. E se, em sentido inverso, advêm lembranças boas, ora só, vêm saudades, as perdas do que sumiu e jamais outro tanto voltarão. Por isso, essa vontade insistente de dominar as palavras que formam as lembranças e os roteiros de antigamente largados nos firmamentos.
Quando quis escrever há pouco, a inspiração mostrava outro título desta página: O Deus do silêncio, ou o deus do Silêncio. Duas visões místicas a propósito do mesmo tema. Deus maiúsculo que a tudo domina, inclusive o silêncio. Ou um deus mitológico que mora nos subterrâneos da gente, e que também domina os sons e o Silêncio. Noutras palavras, um deus de mistério do ser que somos, e que de Deus tudo tem, inclusive a existência.
Assim, acalmar o mundo em mim pede silêncio na alma e no coração. Além da vontade, pois. Quanto fala o coração das vidas espalhadas em folhas secas ao vento. No brilho do Sol nas ondas que passam nessa velocidade da vida, algo conta da necessidade infinita de parar um dia e encontrar consigo nas marcas indeléveis do tempo eterno, e então falar em mim das forças da Natureza que dormem inocentes nos silêncios deste céu que pede paz e alimenta de bondade a existência de que seremos sempre instrumento e autor.
Gratidão amigo pelo texto, muito bom mesmo.
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