quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

A beleza ardente das canções

Um fio que conduz ao Infinito, aos braços da Paz, as canções. O nada diria, por certo, o que dizem as canções, que falam dentro do coração sem passar nos pensamentos. Revivem e alimentam. Trazem de volta as alegrias escorridas no vento de depois e nunca mais. Ainda que não ouvisse, os ouvidos ouviriam. Iriam buscar nas emoções vividas lá dentro do silêncio o que se perdera no tempo, e criariam outra vez a força de sorrir, caminhar, persistir, acreditar no espelho da solidão donde há de vir extinção das ausências de momentos longe desaparecidos nas despedidas, nas cocheiras da incerteza. Ouviriam, sim, os ouvidos qual dói o peito quando sei que tudo está bem, no entanto o peito fala de algo que desconheço e ele sente independente. Por que dessas apreensões do que nem mais existe e o peito reclama preencher?

As canções falam disso, das vivências que sumiram e vivas permanecem nalgum ponto das melodias, nas letras, nas harmonias delas, das canções. Volteiam pelo ar e invadem o presente de passados cheios de mistério, noites, sentimentos... Sei que estou bem, que tudo segue o curso natural dos acontecimentos... Que ser e existir significam dois lados da mesma moeda, e cuido de acalmar as nuvens das incertezas que sujeitam bolinar saudades acumuladas nas apreensões intrusas. Porém elas, as canções, mexem por dentro do Eterno que persiste falar mais alto do que os desejos da coexistência de mim comigo mesmo. 

Vêm suaves nas asas do imenso pássaro das sombras e, ligeiro, quer iluminar o segredo do único habitante da gente. Tais espécies de saltimbancos inconsequentes, vadios, sopram ansiedades aonde antes só havia céus. Nem pedem permissão, chegam e pronto, autoritárias, que reviram o palco da presença do amor e impõem condições inalcançáveis, impossíveis, talvez. Sei bem da bondade e da beleza que oferecem ao espírito, inda que deseje perguntar o porquê do esquecimento perder nisso o direito de continuar existindo, e as canções lembrarem, de novo, de doer o peito há pouco tão quieto.

Um comentário:

  1. A beleza ardente das canções, que real, que belo texto. Rico de sentido, de palavras, emoções. Cada dia que passa você está mais inspirado. Um texto destes é uma verdadeira canção para os nossos ouvidos. Tais sentimentos confusos, incertos, inconstantes, belos, certo, incerto, uma mistura de ser ou não ser, eis a questão rs. Por certo não dá para se ler apenas uma vez. Leio, releio, desta vez não pela complexidade da mensagem mas pela beleza do conteúdo.

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