Ali na década de 70 do século passado, Reis já vivera mais de três décadas vagando pela Floresta Nacional do Araripe. Os donos da casa onde dormia algumas noites quando em vez falaram que ele gostava mesmo era de pernoitar fora. Aparecia raramente.
Sua história falava de haver perdido a esposa logo no primeiro parto, quando morava na cidade, em Crato, lá embaixo. A dor fora tamanha que desde então correra no rumo da mata e nela permanecera em definitivo. Achara suficientes motivos de viver a solidão do ermo, longe de tudo e de todos da vida urbana. Jamais regressara às ruas. Sua aparência definia bem o sistema que escolhera praticar. Espécie de peba, ou gambá, ou tatu, cotia, teiú, era só natureza entre a terra e o cascalho, no mundo rústico daquelas existências. Do nariz aos cabelos grandes, desgrenhados, embranquecidos, a engraxada rebrilhosa do negror de suor e poeira, arrastava também no íntimo, em que transportava espécie de humor esquisito dos que esqueceram para sempre a civilização, porém dialogava e ria desconfiado, atencioso ao que lhes perguntavam.
Avistamos Reis duas ou três vezes, e nunca mais. Desapareceria no decorrer da década dos 80, deixando no rastro as raras lembranças naqueles que o conheceram ali na Serra do Araripe.
O rei da serra é você! Que a todos ilumina com a sua sabedoria, humildade e conhecimentos. Você é uma luz na minha vida...minha paz...quando estou e estressada, paro, olho seu rosto sorrindo e recebo sua paz... obrigada...
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