segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Há de ter humor sempre

Só imagino São Pedro, logo ali na entrada do Céu, de cajado e barbas brancas, túnica azul piscina e um sorrisão grande estampado nas faces bem bochechudas, gaiato, a dizer entre risadas: - Essa vida é uma graça, quando menos se espera morre um. Pois em tudo por tudo há de haver alegria em cada dependência dos pavilhões celestiais, conquanto humor é arte e ciência no decorrer da história inteira dos reinos possíveis e imagináveis. Tribunais do Eterno, também, devem nutrir essa lei nas suas sentenças. Aforismos, citações, versículos perder-se-iam no decorrer inevitável dos tempos inexistissem as tiradas espirituosas dos magistrados que prescrevem os libelos. 


Graças teria não fosse o fluir e refluir das gerações em contar seus episódios engraçados aos que vêm e daqui a pouco vão embora? A sã consciência pede isso, risos e gargalhadas estrepitosas, talvez até que diante dos degraus das despedidas. Ninguém aguentaria dois minutos desse chão se proibissem terminantemente o delírio das comédias humanas. 

Os mais absurdos até dizem que somos mesmo apenas e meros caçadores de risadas no transcorrer das semanas. Expediente sem a felicidade do riso aberto, ou nem que seja amarelado, deixaria de constar na folha de pagamento ao final do mês. Qual disse, num instante de rara inspiração, o escritor brasileiro Oswald de Andrade, A alegria é a prova dos noves.

Sem a satisfação de andar nas quadras inesperadas e leves deste mundo, de que valeria viver, então?!... Só caras-de-pau, esdrúxulos carcereiros em crises de fígado, chefes enfezados e toscos, desumorados construtores de blocos de pedra nas horas obtusas? Sem chances. Amar o amor e o bom humor para sempre, a lei maior das criaturas dos universos todos. Um humor puro, genuflexo, ardiloso, sadio, democrático, consciente das verdades que transporta. 

Nisso jamais persistirá o desinteresse das verdades santas. Fieis servidores da harmonia dos astros deslizam feitos flores soltas na brisa suave da inocência original, no riso amável das crianças que ainda somos lá por dentro.

2 comentários:

  1. Que graça teria se estivéssemos aqui para sempre e ainda por cima zangados, mal humorados, sem ver a beleza do riso descontraído da criança que habita em nós? Muito triste seria se não nos alegrassemos com as derrapadas repentinas das pessoas quando em sua elegância austera passasse por nós a olhar por cima do ombro como se dono do mundo fossem. Pois é indiferença, arrogância, prepotência nada agrega a nossa vida. O bom mesmo é levar a vida de forma leve, contemplando a beleza das flores, o cantar dos pássaros quando o dia amanhece...esquecer que não podemos ter tudo. O que temos é o que Deus acha que merecemos. Podemos sonhar, nada nos impede disso, mas fica apenas nisso. E vamos rir! Rir da vida! Rir do sol que nos cumprimenta com seus avalassadores que invadem a nossa varanda nos acordando pra vida! Vem, vamos viver a vida, pois ela é o que temos de mais belo e ela temporária. Então vá. Os sorrir, sorrir...

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